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terça-feira, 19 de agosto de 2014

INÁCIO OLIVEIRA (1989 - )



Inácio Oliveira nasceu na cidade de Óbidos – Pará. Escreve poemas, crônicas e contos. Seus textos foram selecionados para a Antologia Novos talentos da crônica contemporânea e Novos talentos da poesia contemporânea da Câmara do Jovem Escritor do Rio de Janeiro nos anos de 2006 e 2007. Entre outras antologias, foi selecionado pelo concurso anual do SESC no Amazonas para compor a antologia de contos no ano de 2008. Atualmente mora em Manaus onde é graduando pela Universidade Federal do Amazonas.




PEQUENA ELEGIA PARA O PAI


Meu pai trabalhou muito,
Dançou muito,
Bebeu muito,
Amou muito,
Sofreu muito
E foi muito feliz.

Depois ele foi se cansando,
Hoje ele me olha mas não me vê.
Já não me abraça,
Perdeu a força,
Perdeu a graça,
Perdeu o tato,
Ficou preso no porta-retrato.


***



Infância



Eu, menino, perdido do que hoje sou
acordava cedo para roubar a aurora
e ir correndo mostrá-la aos amigos.

Minha mãe preparava o café
de encher a manhã inteira,
meu pai ordenhava o dia
no amanhecer do curral
e uma felicidade de sol na varanda

Atravessava a vida da gente.





O viajante



Eu não tenho nada,
Sequer um pensamento
Que vigie a vida.

 Tudo em mim
Já está de partida.
Tudo que eu tenho
São caminhos sem mapa,
Festa sem data

E esta manhã
Que sempre irrompe
Entre o sono e o som
Entre o sonho e o sol.


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

CACASO (1944-1987)



Cacaso (Antônio Carlos Ferreira de Brito) nasceu em Uberaba, Minas Gerais, no dia 13 de março de 1944. Com grande talento para o desenho, já aos 12 anos ganhou página inteira de jornal por causa de suas caricaturas de políticos. Antes dos 20 anos veio a poesia, através de letras de sambas que colocava em músicas de amigos como Elton Medeiros e Maurício Tapajós. Seu primeiro livro, A palavra cerzida, foi lançado em 1967. Seguiram-se Grupo escolar (1974), Beijo na boca (1975), Segunda classe (1975), Na corda bamba (1978) e Mar de mineiro (1982). Seus livros não só o revelaram uma das mais combativas e criativas vozes daqueles anos de ditadura e desbunde, como ajudaram a dar visibilidade e respeitabilidade ao fenômeno da "poesia marginal", em que militavam, direta ou indiretamente, amigos como Francisco Alvim, Helena Buarque de Hollanda, Ana Cristina Cezar, Charles, Chacal, Geraldinho Carneiro, Zuca Sardhan e outros. No campo da música, os amigos/parceiros se multiplicavam na mesma proporção: Edu Lobo, Tom Jobim, Sueli Costa, Cláudio Nucci, Novelli, Nelson Angelo, Joyce, Toninho Horta, Francis Hime, Sivuca, João Donato e muitos mais. Em 1985 veio a antologia publicada pela Editora Brasiliense, "Beijo na boca e outros poemas". Em 1987, no dia 27 de dezembro, o Cacaso é que foi embora. Um jornal escreveu: "Poesia rápida como a vida".



LAR DOCE LAR 

                         para Maurício Maestro


Minha pátria é minha infância:
Por isso vivo no exílio.


***


INFÂNCIA (2)

Eu matei minha saudade mas depois
veio outra


***



HÁ UMA GOTA DE SANGUE
NO CARTÃO POSTAL

eu sou manhoso eu sou brasileiro
finjo que vou mas não vou minha janela é
a moldura do luar do sertão
a verde mata nos olhos verdes da mulata

sou brasileiro e manhoso por isso dentro
da noite e de meu quarto fico cismando na beira
      de um rio
na imensa solidão de latidos e araras
                                          lívido
de medo e de amor