SUPREMO ANELO
Voltar
a ti, ó terra estremecida,
E ver de novo, à doce luz da aurora,
O vale, a selva, a praia inesquecida,
Onde brincava pequenina outrora;
E ver de novo, à doce luz da aurora,
O vale, a selva, a praia inesquecida,
Onde brincava pequenina outrora;
Ver
uma vez ainda essa querida
Serra Dourada que minh'alma adora;
E o velho rio, o Cantagalo, a ermida,
Eis o que sonho unicamente agora.
Serra Dourada que minh'alma adora;
E o velho rio, o Cantagalo, a ermida,
Eis o que sonho unicamente agora.
Depois…
morrer fitando o sol no poente,
Morrer ouvindo ao desmaiar fagueiro
Da tarde estiva o sabiá dolente.
Morrer ouvindo ao desmaiar fagueiro
Da tarde estiva o sabiá dolente.
Um
leito, enfim, bordado de boninas,
Onde dormisse o sono derradeiro,
Sob essas verdes, plácidas colinas.
Onde dormisse o sono derradeiro,
Sob essas verdes, plácidas colinas.
***
MEU DESEJO
Não
quero o brilho, as sedas, a harmonia
Da
sociedade, dos salões pomposos,
Nem
a falaz ventura fugidia
Desses
festins do mundo, tão ruidoso!
Prefiro
a calma solidão sombria,
Em
que passo meus dias nebulosos;
Sinto-me
bem, aqui, à sombra fria
Da
saudade de tempos mais ditosos.
Eu
quero mesmo, assim, viver de lado,
Das
multidões passar desconhecida,
Me
alimentando de algum sonho amado.
Nada
mais quero, e nada mais aspiro:
Teu
casto afeto que me doira a vida,
Meus
livros, minha mãe e meu retiro.
***
MAIO
A aurora surge fulgente,
Cheia de encanto, alegria,
Porque raiou sorridente
O lindo mez de Maria.
Cheia de encanto, alegria,
Porque raiou sorridente
O lindo mez de Maria.
As avesinhas exultam,
Espalham doce harmonia,
Com meigo canto saúdam
O lindo mez de Maria.
Espalham doce harmonia,
Com meigo canto saúdam
O lindo mez de Maria.
Nos matagaes perfumados,
A brisa meiga cicia,
Os ramos beija aljofrados,
Saudando o mez de Maria.
A brisa meiga cicia,
Os ramos beija aljofrados,
Saudando o mez de Maria.
Neste mez um só queixume
Não se ouve. Quanta alegria
Oh! como é doce o perfume,
Da flor, no mez de Maria!
Não se ouve. Quanta alegria
Oh! como é doce o perfume,
Da flor, no mez de Maria!
Como é bella a natureza!
Quanta doçura e magia
Encerra e quanta belleza
O claro mez de Maria!
Quanta doçura e magia
Encerra e quanta belleza
O claro mez de Maria!
Da revista: O Lyrio, nº 20,
junho/1904, PE
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