Ana Elisa Viana Mercadante nasceu em São Luis do Maranhão em
1926. Poeta, diplomada em Letras (1945), diplomada em medicina (1953), médica
psicanalista. Autora de Os ritos da noite.
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miragens
Os
versos tristes surgem dos meus prantos,
Banhados
pelas ondas, pelos sais,
Dos
frios, insistentes mares, tantos
Que
me anunciam eras glaciais.
Se
há restos de ternura pelos cantos,
Há
tênues sóis que não me aquecem mais.
Vestiu-me
a idade em castigados mantos
Precários
nas arenas invernais.
Porém
se a noite volta-me ao passado
Retorno
em alegrias, esperanças,
Antigas
cores, jovem ao teu lado,
Oásis
vivo à seiva de lembranças.
Rebelde
ao tempo, o sonho, em seus ardis
Sempre
floresce em quem já foi feliz.
***
O DOCE PÁSSARO
O DOCE PÁSSARO
Em
raros,
cada
vez mais raros,
momentos,
certos
movimentos,
às
vezes bruscos,
outros
lentos,
tão
ágeis modos de energia,
passos
ou
estender de braços
em
graça
e
planos de harmonia,
em
curvas
firmes
de amplitude,
me
instalo
em
breve mocidade.
Indiferente
ao tempo rude.
tendo
por dote o infinito
e
por presente a eternidade.
***
PERFEIÇÕES
PERFEIÇÕES
No
ubíquo mar da minha inveja
nadam e surfam jovens seminus
Na pele espelho, o sol imprime ouros.
Montando águas, potros luzidios
empinam ondas.
Sobem na tensão
turbando arcos verdes de cristal.
Se lançam:
setas ávidas de vida
rasgando espumas.
Ícaros do mar
se escondem.
Pumas
se embrenhando em ventres
vão grafitando nomes de água e sal.
Ressurgem
lassos de êxtases
de espasmos
mas já buscando a volta, o renovar.
No horizonte vagas perfeições
formam volumes, planos e apelos.
No leito seda,
as curvas destruídas,
em letargia,
afagam pés que fogem.
São deuses.
Deuses alheios ao meu mau olhar.
nadam e surfam jovens seminus
Na pele espelho, o sol imprime ouros.
Montando águas, potros luzidios
empinam ondas.
Sobem na tensão
turbando arcos verdes de cristal.
Se lançam:
setas ávidas de vida
rasgando espumas.
Ícaros do mar
se escondem.
Pumas
se embrenhando em ventres
vão grafitando nomes de água e sal.
Ressurgem
lassos de êxtases
de espasmos
mas já buscando a volta, o renovar.
No horizonte vagas perfeições
formam volumes, planos e apelos.
No leito seda,
as curvas destruídas,
em letargia,
afagam pés que fogem.
São deuses.
Deuses alheios ao meu mau olhar.