segunda-feira, 7 de abril de 2014

DILSON SOLIDADE LIMA (1982 - )




Nascido em Sertania, Estado de Pernambuco, Dilson Solidade Lima é poeta, compositor e graduado em Letras Vernáculas pela Universidade estadual de Feira de Santana. É autor dos livros As Vestes do Vento, Inenigmática e Voos em Descuido (todos pela Scortecci Editora).









ÀS CANSEIRAS


Peço – qualquer dia –
minha carta de alforria

e saio deste  mundo
pela porta dos fundos!

Nesta gula por nadas,
perdi-me na estrada...

Mas um dia te encontro
– oh luz do iniludível!

***



NO CAMINHO DA VOLTA


Cósmica poeira
por essa Láctea,
passo pelas pedras
dessas praças
que qualquer
canto
outro
ser
entre giros
de transladações
poderia.

Minha
americanamente
latina
ossatura
pende
só de pensar
que sou passagem.

Ventre dos mundos,
as galáxias,
muitíssimos instantes
quanto antigas
(minúsculos)
me nos contemplam
entre músculos
pela omoplata
do planeta
em meio a
plânctons

polícias,
papeletas
e é
como se em
todo canto...

Meu corpo
se perde
nos transes
dessas luzes
que nas lonjuras
chovem

e ao redor
senão esse sopro
ainda menor
que aquele
que virá /
vislumbrado
a poucos.

E ninguém estará
a postos!

Tudo a ser
o que se quase era
num leve apenas
segundo de lembrança

antes,
durante
ou depois
de Cristo.

***




A REGRESSÃO FUTURA


Saudades do que não se pode ter,
saudades de um lunar que jamais fora
senão o éter no instante desta Aurora
ante o livor de um dia aceso... Erguer

da fluida arquitetura o vão das horas
e a leve sensação de não se ser
face à luz que a tantos se demora
em semear seu canto... Ah! Amanhecer

antes mesmo à Manhã! Iluminar
o sol e o último átimo eternizar-
se no ar de suas fúlgidas molduras.

Fio a fio o véu tecer da Tarde
que na Noite mergulha sem alarde
e parte para além de outras alturas.

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