PRISÕES
Antes eu era o incêndio
Agora faço seguro contra fogo
Contra roubos
Eu mesma era furacão
Eu mesma roubava
Agora apaziguo tudo e tranco
Antes eu era as perdas
Agora sou vista pelo bairro, precavida,
Comprando cadeados sob medida
***
SANTA CLARA
Amanheci de um modo novo hoje
as luzes de sempre
não me prendem mais com suas âncoras
queimei as lanças
e fui deixando para trás
a casa, o pátio, a aldeia
docemente ensolarada
Rasguei as certezas
enterrei os vestidos
e agora tenho por riqueza o vento
que sustenta os pássaros
***
O POEMA DE LAURA
SANTA CLARA
Amanheci de um modo novo hoje
as luzes de sempre
não me prendem mais com suas âncoras
queimei as lanças
e fui deixando para trás
a casa, o pátio, a aldeia
docemente ensolarada
Rasguei as certezas
enterrei os vestidos
e agora tenho por riqueza o vento
que sustenta os pássaros
***
O POEMA DE LAURA
Essa moça que amei
na tarde fria
não a amo mais
Aos poucos
estou esquecendo seu rosto,
suas formas, seu modo obsceno
de gritar meu nome em meio ao gozo
Estou esquecendo suas mãos, seus gestos,
Seu modo de fugir, sua alegria.
A cada dia que passa
eu a esqueço mais
como se ainda fosse amor o que sentisse
Estou esquecendo as águas
onde a vi banhar-se
esqueço as vestes claras, a trança úmida,
e os pequenos defeitos de seu corpo
Se me perguntarem se era feia ou bonita,
não sei, não lembro
tampouco sei dizer se ela era triste
Mas às vezes vinha pela tarde
feito um anjo sem abrigo
e meu amor mordia suas asas
Assim, ferida, ela ficava
presa sob meus cuidados
imune à ira dos deuses e do tempo
Mas me escapou um dia
Ah, essa moça que amei na tarde fria...
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