Restos
Há um resto de noite pela rua
Que se dissolve em bruma e madrugada.
Há um resto de tédio inevitável
Que se evola na tênue antemanhã.
Há um resto de sonho em cada passo
Que antes de ser se foi, já não existe.
Há um resto de ontem nas calçadas
Que foi dia de festa e fantasia.
Há um resto de mim em toda a parte
Que nunca pude ser inteiramente.
Há um resto de noite pela rua
Que se dissolve em bruma e madrugada.
Há um resto de tédio inevitável
Que se evola na tênue antemanhã.
Há um resto de sonho em cada passo
Que antes de ser se foi, já não existe.
Há um resto de ontem nas calçadas
Que foi dia de festa e fantasia.
Há um resto de mim em toda a parte
Que nunca pude ser inteiramente.
***
Ode ao silêncio
Vesti o silêncio com teu rosto.
Vesti o silêncio com teu rosto.
Na passagem das horas,
fiquei menos só;
fiquei mais triste.
fiquei menos só;
fiquei mais triste.
Somente ao construir
a tua ausência
é que pude entender
de que consiste.
a tua ausência
é que pude entender
de que consiste.
Não me importa o que tu
és ou não és,
mas o que tanto foste
e que persiste,
és ou não és,
mas o que tanto foste
e que persiste,
ornamentado o silencio.
As palavras te recriam
do fundo irretocável do passado
como uma silhueta móvel.
do fundo irretocável do passado
como uma silhueta móvel.
***
O SILVÉRIO
Meu coração é um metal sonante
e se eu tivesse trinta corações
eu venderia todos. De ilusões
jamais viveu quem é comerciante.
Patrão sempre há de haver. A cada instante
o mundo está trocando seus patrões.
Mas o ouro é quem seduz as multidões
e das nações é o doce governante.
Quero viver a vida. De que adianta
mexer a terra e revolver a messe
se a merda a mesma merda ficaria?
Só o dinheiro a todo o mundo encanta.
Se trinta corações hoje eu tivesse,
eu juro, todos trinta eu venderia.
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