SOU COMO UM RIO MISTERIOSO...
Sou como um rio que, de tanto
Refletir sombras, se tornou sombrio...
Rio de dor, rio de pranto,
Ninguém sabe o mistério deste rio.
Rio de dor, rio de mágoas,
Ocultando as imagens que refletes,
Rolam em meu ser as tuas águas,
Sob a treva e o silêncio, como o Letes...
***
Elogio da Morte
A
morte não me assombra, nem me assusta,
Não me causa arrepio, medo ao menos, Pois, vendo-a como os mártires, não custa Vê-la também como os heróis helenos.
É a
mesma deusa redentora e augusta
De sorriso velado e olhos serenos, Impassível e fria, porque é justa, Mas amável e bela como Vênus. Sob o véu de mistério em que se encobre, Para dos homens se tornar temida, Vêem-na o rude, o mau, o triste, o pobre... Mas eu a vejo em mármore esculpida, Com o eterno semblante calmo e nobre, Que não muda de aspecto como a vida...
***
VELHA INTERROGAÇÃO
Passa a vida? Continua...
Porque o tempo é que flutua, como um rio de veludo, sobre todos, sobre tudo... À sua margem sonhamos: de onde viemos? aonde vamos? E o destino indiferente vai impelindo a torrente... Passa a vida? Continua... Com o tempo quem passa é a gente. Mas, vida, se nós passamos, de onde viemos? aonde vamos? |
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