EU VIM ME DESPEDIR
Daqui
olhando o espaço e a costa em fora,
É tão
maravilhoso o que diviso,
Que creio
ser assim o Paraíso,
Nem posso
de outra forma o imaginar!
Por isso
penso que Nossa Senhora,
Fugindo
ao sopé, quis de improviso
Aparecer
aqui, deixando o aviso
Da sua
escolha para vir morar.
Sobre
esta penha, sinto o pensamento
Arrebatado
pela voz do vento,
E meus
sentidos já não são mais meus.
Ao pé da
rocha, se distende o mar...
Meus
olhos descem para contemplar,
Minha
alma sobe, para estar com Deus.
***
ELA É DIFERENTE
Você
conhece Vitória?
venha ver
que vai
gostar.
É uma
ilha bonita
com seu
penedo gigante
se
alevantando do mar.
Também
cidade-progresso
de
arranha céus dominantes
e que tem
um tubarão
que aqui
não come gente,
mastigando
eternamente
o
oligisto desfeito
cujo pó
deve Ter asas
pois vem
pousar, sem direito,
nos
umbrais de nossas casas.
Uma coisa
me aborrece:
nosso
tempo é repartido,
relógio
manda na gente,
não há
mais tempo pra nada,
a vida
agora é correr.
ninguém
pode descansar.
E o povo
se empurra
dizendo
ter pressa
querendo
chegar.
E às
vezes não chega
nem mais
vai voltar.
Os ônibus
trançam
nas ruas
estreitas
e os
carros afoitos
se juntam
se amassam
tentando
avançar.
E às
vezes nem chegam
a
ultrapassar.
Eu fico
pensando...
Vitória
de ontem
Vitória
de hoje
qual
delas se ajusta
ao meu
coração?
Ai que
saudades
Do
bondinho "Circular"!
Na Praça
Oito a rodinha
de
intelectuais sorrindo
e tirando
o chapéu
ao
cumprimentar.
Bons dias
aqueles,
tranqüilos,
de paz.
E a gente
passando
e a gente
sorrindo
e a gente
vivendo...
Menino
gritando
vendendo
jornal
-
Diáario! Gazeeeta! Olha a Gazeeeta!
(E fazia
careta)
Moleque
safado
mas era
engraçado
e a gente
parava
comprava
o jornal.
Os olhos
buscavam
notícias
do dia.
Por isso
uma vez
fiquei
espantada
ao ler o
que lia:
- Foi
morto o Cauê
na Zona
da Mata
de Minas
Gerais.
Venderam
seu todo
de pura
hematita,
navios
estrangeiros
virão
carregar.
Vitória
cresceu pequena
num
estranho paradoxo...
E sendo
grande e pequena
é fácil
de entender.
Uma terra
diferente,
bonita,
rica, atraente,
só um
tanto original.
E nesse
barulho todo
de
trabalho e confusão,
nos
manjando pouco a pouco
tremenda
poluição...
Mas isto
não será nada,
vamos
ganhar esta guerra
pois o
mal também se acaba.
Como nos
tempos de outrora
há de
novo ressurgir
o céu
limpo, a claridade,
a beleza,
a paz, o amor,
neste
chão que é minha terra
- minha
terra capixaba!
***
FOGO NA MATA
O fogo se
alastra rugindo qual fera
sedenta
de sangue ao baque da presa.
E nessa
volúpia de gozo e braveza
o ventre
escaldante revolve e descerra!
E abrange
a amplitude, e rasga e se aferra,
lambendo
raivoso, voraz na destreza!
E a mata
se dobra, na rude grandeza,
tombando
entre as chamas à face da terra.
Por entre
o negrume crepita o braseiro,
e o pobre
colono, de braços cruzados,
lamenta
impotente a falta do aceiro...
Agora já
é tarde. Pois nada mais resta
senão que
trabalhos por força dobrados
e a
triste saudade da verde floresta...
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