DE_CADENCIAR
Fita vivamente a luz que imita o alabastro.
Viste pontos de fuga na fugacidade noturna;
entrelugares, risos em coro, divas de bronze,
pernoitadas nos lupanares - mobílias ocultas.
Urge a dor galopante a devorar as deidades.
Um quarto de tuas noites reservas à loucura;
na loja medíocre, confrades da mendacidade
sorvem torpores, vertem blasfêmia e espuma.
Carcaças vis morfadas em estátuas de Crack;
vagueiam cães no entorno das mesas chulas
mendigam as migalhas, habitam em angústia.
Saíste à tarde, não avisaste quanto a demora:
apearias a aurora, no bairro da Vista Obscura.
Fabularias sobre arte, morte; o mito de Marte.
& amanhecerias insone,
numa roda de putas.
***
MATUTINO
Segreda a manhã na claridade do dia;
Segreda a manhã na claridade do dia;
enfeita a
virtude de estar entre viventes
atenta em
respeito ao pão diário e ao leite.
Impinge
em alguém o sereno, o sublime
sem
esforço um sorriso acontece.
Serve dos
pulmões a forma inteira
exalta
uma vez por dia a esfera celeste
jamais se
lança em trevas completamente
(é a
força agreste – o princípio da queda).
Em muitos
dias não cabe a vida toda.
Um dia
vem plena toda a vida inteira.
É mistério
perene. Cada um é retalho
do tecido
vasto. Um fio em cada astro.
Segreda:
também tenho a minha estrela.
***
A POSE DAS CINZAS
No jubileu dos tempos, notívagos gritos transbordam a
Cidade das Pedras Cantantes. Vozes rachadas, loquazes, emolduram semblantes
inermes. Do nada a dizer, o medo, como fosse prisão. Na verbo-sangria o
parapeito que oculta o cativeiro; dissimula do espírito a liberdade entre
homens que debatem-se como vermes nos salões de açúcar decadentes, e espaços
comezinhos massapés. Frações mínimas de idéias fumam rarefeitas à estratosfera
no meio da algaravia. Enquanto platéias imberbes aplaudem; sem saber ao menos o
quê.
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