SONETO
Voa,
suspiro meu, vai diligente,
Busca
os Lares ditosos onde mora
O
terno objeto, que minha alma adora,
Por
quem tanta aflição meu peito sente.
Ao
meu bem te avizinha docemente;
Não
perturbes seu sono: nesta hora,
Em
que a Amante fiel saudosa chora,
Durma
talvez pacífico e contente.
Com
os ares, que respira, te mistura;
Seu
coração penetra; nele inspira
Sonhos
de amor, imagens de ternura.
Apresenta-lhe
a Amante, que delira;
Em
seu cândido peito amor procura;
Vê
se também por mim terno suspira.
***
SONETO
Meu
coração palpita acelerado,
Exulta
de prazer, de amor delira,
Novo
alento meu peito já respira,
É
mil vezes feliz o meu cuidado.
O
meu Tirce de mim vive lembrado,
Saudoso,
como eu, por mim suspira;
Que
seleto prazer a esta alma inspira
A
amorosa expressão do bem amado!
Doce
prenda dos meus ternos amores,
Amada,
suavíssima escritura,
Que
em meu peito desterras vãos temores;
Em
ígneos caracteres na alma pura
Grava,
Amor, com os farpões abrasadores
Estes
doces penhores da ternura.
***
SONETO
Que
tens, meu coração? Porque ansioso
Te
sinto palpitar continuamente?
Ora
te abrasas em desejo ardente,
Outra
hora gelas triste e duvidoso?
Uma
vez te abalanças valeroso
A
suportar da ausência o mal veemente;
Mas
logo esmorecido, descontente,
Abandonas
o passo perigoso?
Meu
terno coração, ela, resiste,
Não
desmaies, não tremas; pode um dia
Inda
o Fado mudar o tempo triste.
Suporta
da saudade a tirania,
Que
ainda verás feliz, como já viste,
Raiar
a linda face da alegria.
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