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Sonia Lúcia Rangel nasceu no Rio de Janeiro. De
1964 a 1968 estuda na Escola Nacional de Belas Artes da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, como aluna do extinto curso de Arte Decorativa, tendo como
professores Fernando Pamplona, Mário Barata, Quirino Campofiorito e Onofre
Penteado, entre outros. Em 1966 como estudante, visita pela primeira vez
Salvador, na época da II Bienal da Bahia. Em 1970 passa a residir em Salvador e
em 1971 transfere-se da UFRJ para a Universidade Federal da Bahia. A sua
produção como artista profissional (em artes visuais e em artes cênicas)
inicia-se no ano de 1973, com dois eventos: a primeira exposição individual,
realizada no Instituto Cultural Brasil Alemanha, em Salvador, com desenhos e
gravuras, onde transpõe imagens dos seus poemas para o claro-escuro do bico de
pena e da água forte e explora a temática dos transportes urbanos; e, nas Artes
Cênicas, como atriz, cenógrafa e figurinista do espetáculo Abraão e Isaque , direção de Carlos Petrovich, com temporada na
Capela do Solar do Unhão, em Salvador. Gradua-se pela Escola de Belas Artes da
UFBA em 1974 em Licenciatura em Desenho e Plástica. É professora da Escola de
Belas Artes e da Escola de Teatro da UFBA desde 1980. Mestre em Artes Visuais
em 1995, também pela UFBA. Interagindo com a poesia, as artes cênicas e as
artes plásticas, a investigação atual se desdobra em projetos artísticos
decorrentes da tese de doutoramento, concluída e aprovada com distinção em
2002, no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, Escola de Dança e Escola
de Teatro da UFBA. A partir do estudo sobre Imagem, Imaginário e Processos de
Criação a artista produz como resultado concepções para várias formas e
formatos, que podem funcionar como obras independentes ou interagir num mesmo
fluxo como Espetáculo-Exposição, trajeto entre poemas, visualidade e
teatralidade. Além de vários artigos, publicou dois livros de poemas e imagens,
sendo, o mais recente, CasaTempo, (Salvador:
Solisluna, 2005), um dos produtos da sua pesquisa atual. É membro da ABRACE,
Associação Brasileira de Pesquisadores em Artes Cênicas.
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Textura
da Morte
Não
A
morte não é só
Esse
morcego e esse rato
Que
insistem dentro do quarto
Tão
estranha a morte
Ela
é uma flor
E
toda essa memória amarga
Que
foi de uma criança
E
ela é cada gole e cada passo e cada beijo
***
Corpus
Corpo
Jardim-aquário
Cela-cavalo
Cidade ausência
Peixe-balão
Corpo-tempo
Duplo-morto
Andarilho-corpo
Catedral-oração
***
A
Igreja
Eu
era criança
A
igreja era pontuda
E
penetrou em mim
Como
uma faca penetra numa carne
E
não sai
Algumas
vezes dói
Algumas
vezes sangra
Eu
não consigo chorar
Mas
a assombração de Deus
Sentada
na porta
Chora
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