VERDADE
Minha
verdade é um punhado
de
sonhos extraviados.
minha
verdade são os mortos
que
pelejam contra mim.
são
as palavras e a marca
do
seu reflexo no espelho.
minha
verdade é este sangue
da
noite desmoronada.
minha
verdade é a memória
do
meu remorso bastardo.
minha
verdade é a incerteza
do
tempo que nos rumina.
minha
verdade é esta insônia
que
me atravessa a retina
como
uma flecha de areia
que
abrisse a carne da rima.
minha
verdade é esta negra
ronda
do corpo e da alma
este
saber que me iludo
e
este cansaço de tudo.
***
SONETO À RENDEIRA
O
linho é uma oração remota, nesse
fluir fabril de fio para a flor.
Move-se o coração da moça, e esquece
o tempo prisioneiro, em derredor
da sombra esguia que à almofada tece.
Move-se, em seu afã modelador
de paz, o mito imemorial da prece
que do limbo da morte inventa o amor.
Movem-se dentro dela o sol e o vento.
Move-se o mar, e os pórticos se movem
das águas em perpétuo movimento...
Move-se a gênese em seu corpo jovem.
E, enquanto o olhar medita, os dedos tecem
gestos de amor que os lábios não conhecem.
fluir fabril de fio para a flor.
Move-se o coração da moça, e esquece
o tempo prisioneiro, em derredor
da sombra esguia que à almofada tece.
Move-se, em seu afã modelador
de paz, o mito imemorial da prece
que do limbo da morte inventa o amor.
Movem-se dentro dela o sol e o vento.
Move-se o mar, e os pórticos se movem
das águas em perpétuo movimento...
Move-se a gênese em seu corpo jovem.
E, enquanto o olhar medita, os dedos tecem
gestos de amor que os lábios não conhecem.
***
CALAFRIO
O amor
é um calafrio
que nos percorre
o corpo
e deságua
na foz
de um secreto rio.
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