SONETO À VISTA DOS BELOS QUADROS
DO SR MANUEL DE ARAÚJO PORTO-ALEGRE
Que mágico pincel, mimo de Apolo,
Com muda locução, com vivas cores,
Faz da Pátria passar os Defensores
Desde o pólo do Sul do Norte ao pólo?
Quem tanto esmalta o Brasileiro solo?
Estes belos painéis, tão faladores
Mais encantos possuem que os Amores
Quando da terna mãe se erguem do colo.
Rafael do Brasil, eu te saúdo.
Tu serás entre nós das Belas Artes
Um novo vingador, um forte escudo.
Honra à Pátria não dão feroces Martes,
Mas Artistas quais tu! Elmano, eis tudo
Porque atroam do mundo as quatro partes.
Com muda locução, com vivas cores,
Faz da Pátria passar os Defensores
Desde o pólo do Sul do Norte ao pólo?
Quem tanto esmalta o Brasileiro solo?
Estes belos painéis, tão faladores
Mais encantos possuem que os Amores
Quando da terna mãe se erguem do colo.
Rafael do Brasil, eu te saúdo.
Tu serás entre nós das Belas Artes
Um novo vingador, um forte escudo.
Honra à Pátria não dão feroces Martes,
Mas Artistas quais tu! Elmano, eis tudo
Porque atroam do mundo as quatro partes.
***
A BELEZA
Oh Beleza! Oh potência invencível,
Que na terra despótica imperas;
Se vibras teus olhos
Quais duas esferas,
Quem resiste a teu fogo terrível?
Oh Beleza! Oh celeste harmonia,
Doce aroma, que as almas fascina;
Se exalas suave
Tua voz divina,
Tudo, tudo a teus pés se extasia.
A velhice, do mundo cansada,
A teu mando resiste somente;
Porém que te importa
A voz impotente,
Que se perde, sem ser escutada?
Diga embora que o teu juramento
Não merece a menor confiança;
Que a tua firmeza
Está só na mudança;
Que os teus votos são folhas ao vento.
Tudo sei; mas se tu te mostrares
Ante mim como um astro radiante,
De tudo esquecido,
Nesse mesmo instante,
Farei tudo o que tu me ordenares.
Se até hoje remisso não arde
Em teu fogo amoroso meu peito,
De estóica dureza
Não é isto efeito;
Teu vassalo serei cedo ou tarde.
Infeliz tenho sido até agora,
Que a meus olhos te mostras severa;
Nem gozo a ventura,
Que goza uma fera;
Entretanto ninguém mais te adora.
Eu te adoro como o anjo celeste,
Que da vida os tormentos acalma;
Oh vida da vida,
Oh alma desta alma,
Um teu riso sequer me não deste!
Minha lira que triste ressoa,
Minha lira por ti desprezada,
Assim mesmo triste,
Assim malfadada,
Teu poder, teus encantos pregoa.
Oh Beleza, meus dias bafeja,
Em teu fogo minha alma devora;
Verás de que modo
Meu peito te adora,
E que incenso ofertar-te deseja.
Que na terra despótica imperas;
Se vibras teus olhos
Quais duas esferas,
Quem resiste a teu fogo terrível?
Oh Beleza! Oh celeste harmonia,
Doce aroma, que as almas fascina;
Se exalas suave
Tua voz divina,
Tudo, tudo a teus pés se extasia.
A velhice, do mundo cansada,
A teu mando resiste somente;
Porém que te importa
A voz impotente,
Que se perde, sem ser escutada?
Diga embora que o teu juramento
Não merece a menor confiança;
Que a tua firmeza
Está só na mudança;
Que os teus votos são folhas ao vento.
Tudo sei; mas se tu te mostrares
Ante mim como um astro radiante,
De tudo esquecido,
Nesse mesmo instante,
Farei tudo o que tu me ordenares.
Se até hoje remisso não arde
Em teu fogo amoroso meu peito,
De estóica dureza
Não é isto efeito;
Teu vassalo serei cedo ou tarde.
Infeliz tenho sido até agora,
Que a meus olhos te mostras severa;
Nem gozo a ventura,
Que goza uma fera;
Entretanto ninguém mais te adora.
Eu te adoro como o anjo celeste,
Que da vida os tormentos acalma;
Oh vida da vida,
Oh alma desta alma,
Um teu riso sequer me não deste!
Minha lira que triste ressoa,
Minha lira por ti desprezada,
Assim mesmo triste,
Assim malfadada,
Teu poder, teus encantos pregoa.
Oh Beleza, meus dias bafeja,
Em teu fogo minha alma devora;
Verás de que modo
Meu peito te adora,
E que incenso ofertar-te deseja.
***
O ANAGRAMA
Dos vates a antiga usança
Quis respeitoso seguir,
Ensaiando em anagrama
Teu doce nome exprimir;
Mas a mente em vão se cansa,
No desejo que me inflama
Nada me vem acudir.
Não desistindo da idéia,
Volto a ela sem cessar;
Diversos nomes invento,
Sem nenhum poder achar,
Que seja nome de idéia,
E se preste ao meu intento,
Sem o teu muito ocultar.
Vendo alfim que não podia
Teu anagrama fazer;
Que quantos eu inventava
Nada queriam dizer;
Uma idéia à fantasia,
Quando já nada esperava,
Me veio enfim socorrer.
Foi idéia luminosa,
Direi quase inspiração,
Pois que senti de repente
Palpitar-me o coração.
Sua força imperiosa
Foi tal, qu'eu obediente
Dei-lhe pronta execução.
De papel em uma fita
Teu lindo nome escrevi;
Pondo as letras separadas,
Co'a tesoura as dividi.
Cada solta letra escrita
Enrolei, e baralhadas,
Numa caixinha as meti.
Tudo ao acaso deixando,
Da sorte o cofre agitei;
E tirando-as de uma em uma,
Uma após outra as tracei.
Oh prodígio! Oh pasmo! Quando
Esta maravilha suma
De um mero acaso esperei?
Já Urânia — escrito estava!
Foi Amor quem o escreveu!
Não, não foi obra do acaso;
Teu nome veio do céu!
Aquele — já — me ordenava
Que da Urânia do Parnaso
Fosse o nome agora teu.
Que para mim renascida
A Musa Urânia serás.
Que ao céu e a Deus minha mente
Tu sempre levantarás.
Musa real, não fingida,
Unida a mim ternamente,
Celeste amor me terás.
Quis respeitoso seguir,
Ensaiando em anagrama
Teu doce nome exprimir;
Mas a mente em vão se cansa,
No desejo que me inflama
Nada me vem acudir.
Não desistindo da idéia,
Volto a ela sem cessar;
Diversos nomes invento,
Sem nenhum poder achar,
Que seja nome de idéia,
E se preste ao meu intento,
Sem o teu muito ocultar.
Vendo alfim que não podia
Teu anagrama fazer;
Que quantos eu inventava
Nada queriam dizer;
Uma idéia à fantasia,
Quando já nada esperava,
Me veio enfim socorrer.
Foi idéia luminosa,
Direi quase inspiração,
Pois que senti de repente
Palpitar-me o coração.
Sua força imperiosa
Foi tal, qu'eu obediente
Dei-lhe pronta execução.
De papel em uma fita
Teu lindo nome escrevi;
Pondo as letras separadas,
Co'a tesoura as dividi.
Cada solta letra escrita
Enrolei, e baralhadas,
Numa caixinha as meti.
Tudo ao acaso deixando,
Da sorte o cofre agitei;
E tirando-as de uma em uma,
Uma após outra as tracei.
Oh prodígio! Oh pasmo! Quando
Esta maravilha suma
De um mero acaso esperei?
Já Urânia — escrito estava!
Foi Amor quem o escreveu!
Não, não foi obra do acaso;
Teu nome veio do céu!
Aquele — já — me ordenava
Que da Urânia do Parnaso
Fosse o nome agora teu.
Que para mim renascida
A Musa Urânia serás.
Que ao céu e a Deus minha mente
Tu sempre levantarás.
Musa real, não fingida,
Unida a mim ternamente,
Celeste amor me terás.
muitos lindos os poemas, amei <3
ResponderExcluireu também cara amiga leitora, tem zap?
Excluirconcordo, ele tem um jeito de expressa as palavras,muito lindo mesmo !!!!
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