GAROTO DE ALUGUEL
E esta boca com gosto de cigarro?
E este batom com cheiro de motel?
Tudo isto que parece ser bizarro
É na verdade o mais florido céu!
E estas costas repletas de água e barro?
E este peito tão áspero e cruel?
Eu vomito aguardente de catarro
Com meu simples garoto de aluguel...
E este coração tão seco e tão duro?
Que nem mesmo respira, pulsa ou bate
Que mais parece caixa de amianto?!
E este puto com cara de anjo e santo
Que na esquina, na vida, no combate
Enfrenta novamente seu futuro?
***
PLÊIADES
Plêiades refulgem no azul Infinito...
Pelos saraus, serestas e academias
Pulsam loucamente declamando
Poesia: um êxtase dos deuses
Prosa: flores que formam romance
Poetas, prosadores, as plêiades todas, enfim,
Procuram algo mais prazeroso do que a Poética.
***
A DANÇA DE DIANA
E sobre a Terra, o veludo molhado, negro manto
Sem ser notada, Diana descansa intensamente
Ela, mulher, deusa, santa, satélite, serpente
Logo desperta suave do sono de acalanto
Desliza um pouco a mantilha e converte-se
Revela
Despe-se toda a rainha das deusas e do encanto
Nua e belíssima: cheia de graça livremente!
E quem contempla a mulher no seu banho, em sua alcova
Logo perdido se vê. Mais um ciclo dela encerra
Ela se cobre, a minguante serpente se renova.
Numa neblina de nuvem, incenso gris na acerra
Sem ser notada, Diana se torna fria e nova
E o manto negro, molhado veludo sobre a Terra...
Salve Rommel.
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