|
Antonio
Risério é poeta, escritor e antropólogo. Fez política estudantil em 1968,
mergulhou na viagem da contracultura, editou revistas de poesia experimental na
década de 70 e escreveu para a imprensa brasileira. Teve suas parcerias
poético-musicais gravadas por diversas estrelas da música popular brasileira,
como Caetano Veloso. Integrou a equipe que coordenou a implantação da televisão
educativa na Bahia, foi um dos criadores e diretores da Fundação Gregório de
Mattos, concebeu e dirigiu o Centro da Referência Negromestiça (Cerne). São de
sua autoria os argumentos e roteiros para a série O povo brasileiro, adaptação para a televisão da obra de Darcy
Ribeiro. Dentre os seus livros, destacam-se: Carnaval Ijexá - notas sobre os blocos e afoxés do novo carnaval
afrobaiano, 1981; O poético e o político
(em parceria com Gilberto Gil), 1988; Caymmi
- uma utopia de lugar, 1993; Textos e
tribos – poéticas extraocidentais nos trópicos brasileiros, 1993; Avant-garde na Bahia, 1996; Oriki Orixá, 1996; Ensaio sobre o texto
poético em contexto digital, 1998; e A
Via Vico e outros escritos, 2000. Seus poemas foram reunidos em Fetiche
(Fundação Casa de Jorge Amado, 1996).Tem poemas editados em
antologias no Brasil e no exterior. Pela Versal Editores, publicou Adorável
Comunista e Uma História da Cidade da Bahia.
|
ORIKI DE XANGÔ I
Lasca e
racha paredes
Racha e
crava pedras de raio
Encara
feroz quem vai comer
Fala com
o corpo todo
Faz o
poderoso estremecer
Olho de
brasa viva
Castiga
sem ser castigado
Rei que
briga e me abriga
***
VIA
PAPUA
desamarra a quilha,
canoa
desamarra a quilha
e voa
(vai pelo ar
pelo mar
e sobre a ilha;
voa sobre o que
se armadilha)
mas voa leve, canoa
e leva uma estrela
na ponta da proa
cruza o mar, a névoa
o peito, a boca, a
língua
almas que invadem
nuvens
dobras de angra e de
íngua
(mas voa leve, canoa
há uma estrada inteira
na ponta da tua proa)
e que o ar mais leve a
leve
e faça das algas do céu
a minha única
e exclusiva
coroa,
canoa.
***
ARTE POÉTICA
na serra da
desordem
no piracambu tapiri
em cada igarapé do pindaré
em cada igarapé do gurupi
existe uma palavra
uma palavra nova para mim
Muito impressionada com minha ignorância de não conhecer esta magn[ifica poesia ou estes incríveis poemas. Também sou feita de antropologias e poemas. Me bateu forte esse vento da papua. abraços
ResponderExcluir