SONETO
Foram-se
enfim os desejos.
O que
restou? Só a tarde.
E a memória
da sede,
e este
peito que arde.
A brisa é
doce e me traz
a paz que
não me pertence;
porque,
irmão, não há paz,
mas esta
dor que me vence.
Vou só,
pela estrada torta:
um rastro
de urso à frente
e cem demônios
às costas.
O meu
segredo? É o vento,
que tange
meus pensamentos
ao campo
das horas mortas.
***
VISÃO
Tudo é
como é, já dizia o mestre.
Grande
mentiroso esse mestre.
Imensamente
preciso.
***
LÍRICO
A golpes
lentos, divago:
antiga a paz que me guia.
À sombra o rosto e o lago
antiga a paz que me guia.
À sombra o rosto e o lago
onde
Narciso, o mirado,
me
desvia.
De onde
venho, me mato.
E onde me
acham, há dor.
Alguém
apaga meus passos
(um
mago?) com uma flor.
E os
golpes, cadenciados,
fundem o
lago e o rosto
à voz de
um outro, sem lábios.
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