CONFESSIONÁRIO
Não posso dar-me em espetáculo.
A platéia toda fugiria
antes mesmo do segundo ato.
Um ator perplexo misturaria
versos, versões e fatos.
E um crítico, maldizendo a sua sina,
rosnaria feroz
contra minha verve
sibilina.
***
SETE ANOS DE PASTOR
Penetro Lia, mas Raquel é quem me move,
e faz meu corpo desatar toda alegria.
Se tenho Lia, minha pele não navega
nada além de nada em névoa fria.
Sete anos galopando em Lia e tédio,
sete anos condenado ao gozo escuro.
Raquel me tenta, e se me beija Lia
minha boca é não, e minha mão é muro.
Labão, o puto, perdoai-me nesse instante,
adoro a dor que doer em minha amante.
Vou cravar-lhe um punhal exausto e certo,
doar seu sangue ao livro e à ventania.
Quieta Lia será terra em que os cavalos
vão pastar, sob a serra e o deus do dia.
Penetro Lia, mas Raquel é quem me move,
e faz meu corpo desatar toda alegria.
Se tenho Lia, minha pele não navega
nada além de nada em névoa fria.
Sete anos galopando em Lia e tédio,
sete anos condenado ao gozo escuro.
Raquel me tenta, e se me beija Lia
minha boca é não, e minha mão é muro.
Labão, o puto, perdoai-me nesse instante,
adoro a dor que doer em minha amante.
Vou cravar-lhe um punhal exausto e certo,
doar seu sangue ao livro e à ventania.
Quieta Lia será terra em que os cavalos
vão pastar, sob a serra e o deus do dia.
***
VER
O dia. Arcos da manhã
em nuvem. Riscos de luz
como vidros arriados.
O claro. A praia armada
entre a sintaxe do verde.
Áreas do ar. Aves
navegando as lajes
do azul.
O dia. Arcos da manhã
em nuvem. Riscos de luz
como vidros arriados.
O claro. A praia armada
entre a sintaxe do verde.
Áreas do ar. Aves
navegando as lajes
do azul.
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