quarta-feira, 22 de agosto de 2012

HELENA PARENTE CUNHA (1930 - )



Poeta, ficcionista, tradutora, professora universitária, pesquisadora, ensaísta, crítica literária... e baiana. Em 1954, com bolsa de estudos da CAPES, especializou-se em Língua, Literatura e Cultura Italiana em Perúgia (na Itália). Seus primeiros escritos foram publicados no Suplemento Literário do jornal Estado de São Paulo, na revista Tempo Brasileiro, na Revista Brasileira da Língua e Literatura, entre outros. Em 1956, deu inicio aos seus trabalhos de tradutora de obras da língua italiana. Trabalha, desde 1968, na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Estreou, em 1960, com o livro de poemas Corpo do gozo, premiado no Concurso de Poesia da Secretaria de Educação e Cultura da Guanabara, em 1965. Outros livros de poesias da escritora: Corpo no cerco, editora Tempo Brasileiro, 1978, com apresentação de Cassiano Ricardo; Maramar, editora Tempo Brasileiro, 1980; O outro lado do dia, editora Tempo Brasileiro, 1995; e Além de estar, editora Imago, 2000 (reúne seus livros de poesia anteriores, além de trazer material inédito).





ALÉM DE ESTAR


vesti-me com a luz pendida
nas espumas que mais brancas

nas ondas que mais ondas
descontei o meu ficar

nas pedras depois das pedras
meu deixar-me por deixar

nos azuis de mais que azul
meu estar-me além de estar


***



CREPUSCULAR


perpendicular
ao caminho
insisto
andar

circunscrita
na hora
duro
o percurso

horizontal
cheguei
para
me crepuscular


 ***




RETRATO


de agora a mil horas
o meu retrato
ainda estará aqui

quem aparece
onde pareço?

pouso de passagem
na fotografia

atrás do quadro
que me contorna
desapareço

quem comparece
na própria face?

poso de novo
(me encontra pronta
cada hora que mil)

de agora a mil horas
quem perece
no meu retrato



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