SONETO DA ÚLTIMA ESTAÇÃO
(MITOLOGIA MARINHA)
Esta que vem do mar por entre os ventos,
sacudindo as espumas dos cabelos,
vem molhada de azul nos pensamentos,
seu corpo oculta a ilha dos segredos.
Vem e dança ao andar sobre as areias
úmidas sob os passos e os desejos,
onde as ancas são ondas em cadeias
infinitas de luz contra os espelhos.
Nem precisa de flor nem de perfume,
ela é a própria essência do ciúme,
feita de mito e se fazendo estrela.
Vem – dança – e passa aos fogos do verão
– fantasia da última estação.
explodiu na vertigem da beleza.
Esta que vem do mar por entre os ventos,
sacudindo as espumas dos cabelos,
vem molhada de azul nos pensamentos,
seu corpo oculta a ilha dos segredos.
Vem e dança ao andar sobre as areias
úmidas sob os passos e os desejos,
onde as ancas são ondas em cadeias
infinitas de luz contra os espelhos.
Nem precisa de flor nem de perfume,
ela é a própria essência do ciúme,
feita de mito e se fazendo estrela.
Vem – dança – e passa aos fogos do verão
– fantasia da última estação.
explodiu na vertigem da beleza.
***
SONETO ANTIGO DA PAIXÃO
Cheguei depois de mim – Era a viagem
Os pássaros do medo – O fel dos dias
O enigma encarcerado – As travessias
de silêncio no vulto desta imagem
toda sombria friamente lívida
caindo no mistério – Esta paisagem
noturna sob a lua era a miragem
de espectros pelo grito que partia
transverso da garganta de meu peito
– Guitarras que choravam – Contrafeito
me enredei no delírio da ilusão
que apunhalava a dor desta perfídia
ágrafa da manhã – Então morri
– Vi minha alma sangrando de paixão.
Cheguei depois de mim – Era a viagem
Os pássaros do medo – O fel dos dias
O enigma encarcerado – As travessias
de silêncio no vulto desta imagem
toda sombria friamente lívida
caindo no mistério – Esta paisagem
noturna sob a lua era a miragem
de espectros pelo grito que partia
transverso da garganta de meu peito
– Guitarras que choravam – Contrafeito
me enredei no delírio da ilusão
que apunhalava a dor desta perfídia
ágrafa da manhã – Então morri
– Vi minha alma sangrando de paixão.
***
SONETO DA VISITAÇÃO DO CAOS
ao Miguel Carneiro, amigo e poeta do reino da ficção
ao Miguel Carneiro, amigo e poeta do reino da ficção
Quando eu morrer daqui a dois mil anos
nem queira se lembrar de que vivi
tu sofrerás as penas que sofri
espumas que se quebram pelos oceanos
Quando eu morrer daqui a dois mil anos
tua imagem será a que perdi
a minha dor será a que senti
julgado e condenado pelos desenganos
serei de tudo apenas no meu cérebro
em transe um viajante do Universo
como uma sombra atrás de um pesadelo...
Armagedom !... Armagedom !... Sobre os penhascos
cavalos voam incendiados pelos cascos
ateando fogo nos planetas e nos astros...
O poeta Adelmo (José de) Oliveira é um poeta que pertence à hierarquia dos serafins. Nascido em treze de maio de 1934, em Itabuna, terra de outro vate maior, Florisvaldo Mattos, vem ao longo de seis décadas nos brindando como seu puro vinho, rejuvenescido na lembrança de seu labor poético a traduzir a vida em versos como se anjos estivessem a soprar trombetas. Adelmo Oliveira é um anjo de cujos versos são extraídos sonetos, baladas, rondós, glosas, canções... A força de sua poesia e a lírica do seu cantar é de fato exuberante e denunciadora. Oliveira esteve no front das batalhas quando a Besta queria tomar conta do Brasil. O apocalipse que testemunhou lhe deixou seqüelas físicas, incuráveis. Somente a poesia para transcender aqueles duros tempos de barbárie e escuridão. Miguel Carneiro
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