Temor
(Hora de
Delírio)
Não,
não é louco. O espírito somente
É que quebrou-lhe um elo da matéria. Pensa melhor que vós, pensa mais livre, Aproxima-se mais à essência etérea. Achou pequeno o cérebro que o tinha: Suas idéias não cabiam nele; Seu corpo é que lutou contra sua alma, E nessa luta foi vencido aquele. Foi uma repulsão de dois contrários; Foi um duelo, na verdade insano: Foi um choque de agentes poderosos: Foi o divino a combater com o humano. Agora está mais livre. Algum atilho Soltou-se-lhe do nó da inteligência; Quebrou-se o anel dessa prisão de carne, Entrou agora em sua própria essência. Agora é mais espírito que corpo: Agora é mais um ente lá de cima; É mais, é mais que um homem vão de barro: É um anjo de Deus, que Deus anima. Agora, sim - o espírito mais livre Pode subir às regiões supernas: Pode, ao descer, anunciar aos homens As palavras de Deus, também eternas. E vós, almas terrenas, que a matéria Ou sufocou ou reduziu a pouco, Não lhe entendeis, por isso, as frases santas, E zombando o chamais, portanto: - um louco! Não, não é louco. O espírito somente É que quebrou-lhe um elo da matéria. Pensa melhor que vós, pensa mais livre, aproxima-se mais à essência etérea. |
***
Martírio
Beijar-te
a fronte linda
Beijar-te o aspecto altivo
Beijar-te a tez morena
Beijar-te o rir lascivo
Beijar o ar que aspiras
Beijar o pó que pisas
Beijar a voz que soltas
Beijar a luz que visas
Sentir teus modos frios,
Sentir tua apatia,
Sentir até répúdio,
Sentir essa ironia,
Sentir que me resguardas,
Sentir que me arreceias,
Sentir que me repugnas,
Sentir que até me odeias,
Eis a descrença e a crença,
Eis o absinto e a flor,
Eis o amor e o ódio,
Eis o prazer e a dor!
Eis o estertor de morte,
Eis o martírio eterno,
Eis o ranger dos dentes,
Eis o penar do inferno!
Beijar-te o aspecto altivo
Beijar-te a tez morena
Beijar-te o rir lascivo
Beijar o ar que aspiras
Beijar o pó que pisas
Beijar a voz que soltas
Beijar a luz que visas
Sentir teus modos frios,
Sentir tua apatia,
Sentir até répúdio,
Sentir essa ironia,
Sentir que me resguardas,
Sentir que me arreceias,
Sentir que me repugnas,
Sentir que até me odeias,
Eis a descrença e a crença,
Eis o absinto e a flor,
Eis o amor e o ódio,
Eis o prazer e a dor!
Eis o estertor de morte,
Eis o martírio eterno,
Eis o ranger dos dentes,
Eis o penar do inferno!
***
Soneto
Arda
de raiva contra mim a intriga,
Morra de dor a inveja insaciável;
destile seu veneno detestável
a vil calúnia, pérfida inimiga.
Morra de dor a inveja insaciável;
destile seu veneno detestável
a vil calúnia, pérfida inimiga.
Una-se
todo, em traiçoeira liga,
contra mim só, o mundo miserável.
Alimente por mim ódio entranhável
o coração da terra que me abriga.
contra mim só, o mundo miserável.
Alimente por mim ódio entranhável
o coração da terra que me abriga.
Sei
rir-me da vaidade dos humanos;
sei desprezar um nome não preciso;
sei insultar uns cálculos insanos.
sei desprezar um nome não preciso;
sei insultar uns cálculos insanos.
Durmo
feliz sobre o suave riso
de uns lábios de mulher gentis, ufanos;
e o mais que os homens são, desprezo e piso
de uns lábios de mulher gentis, ufanos;
e o mais que os homens são, desprezo e piso
mt interessante...
ResponderExcluir