EMPAREDADO
Por planícies
e espérrimas montanhas
andei errando como um beduíno,
e contei ao luar o meu destino,
velado por dragões de outras entranhas.
E a ti, ó sol, que de purezas banhas
os campos verdes, num clarão divino,
contei, também, chorando, o desatino
das minhas ânsias trágicas, estranhas.
Mas não contei ao mar as minhas ânsias,
ao largo mar perdido nas distâncias,
para não vê-lo, dessa vez, cavado.
Pois esse mar é um coração doente,
igual ao meu, e vive eternamente,
eternamente triste e emparedado.
andei errando como um beduíno,
e contei ao luar o meu destino,
velado por dragões de outras entranhas.
E a ti, ó sol, que de purezas banhas
os campos verdes, num clarão divino,
contei, também, chorando, o desatino
das minhas ânsias trágicas, estranhas.
Mas não contei ao mar as minhas ânsias,
ao largo mar perdido nas distâncias,
para não vê-lo, dessa vez, cavado.
Pois esse mar é um coração doente,
igual ao meu, e vive eternamente,
eternamente triste e emparedado.
***
SOMBRAS AMIGAS
Sombras da noite, leves como as aves,
aconchegos e frêmitos de amores,
que em nossas asas de esquisitas cores
subam para o Alto os meus anseios graves.
Sombrfas flébeis, tenuíssimas, suaves,
emigras de um chão de negras flores,
levari-me as mágoas e as secretas dores
pelas mais altas e silenciosas naves...
Ascendendo às alturas das montanhas,
que os meus anseios de ferais entranhas,
que todo esse clamor de ansiedade,
Erre junto de nós, sombras da noite,
e numa estrela rútila se acoite,
em busca de repouso e de piedade.
***
AS NOSSAS ÂNSIAS
Para as estrelas
vão as nossas ânsias;
todas as ânsias que na Dor sentimos...
São aves que se perdem nas distâncias;
e, nas asas dos sonhos, as seguiram.
E lá, mais delicadas que fragrâncias
dos liriais que no caminho vimos,
todas elas, vestidas de flamâncias,
são as árias da luz, que no ar ouvimos.
todas as ânsias que na Dor sentimos...
São aves que se perdem nas distâncias;
e, nas asas dos sonhos, as seguiram.
E lá, mais delicadas que fragrâncias
dos liriais que no caminho vimos,
todas elas, vestidas de flamâncias,
são as árias da luz, que no ar ouvimos.
Mas as ânsias que vão, serenamente,
para as estrelas, e por lá, na albente
doçura casta das estrelas ficam.
São, com certeza, aquelas que, no mundo,
neste sinistro báratro profudo,
nos cadinhos do amor se purificam.
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