sexta-feira, 6 de julho de 2012

SALGADO MARANHÃO (1953 - )


 Salgado Maranhão (1953), nome poético de José Salgado Santos, é maranhense. Mora no Rio de Janeiro desde 1973. Jornalista, decidiu abraçar uma atividade profissional que considera mais coerente com o exercício da poesia: é terapeuta corporal e já foi professor de tai chi chuan e mestre em shiatsu.  No final dos anos 70, Salgado Maranhão participou da organização de coletâneas com vários poetas. Começou a despontar com o lançamento dePunhos da Serpente (1989). Depois desse livro vieram: Palávora (1995 ); O Beijo da Fera (1996). Em 1998, em Mural de Ventos, o poeta reuniu textos novos e poemas dos três livros anteriores. Essa coletânea lhe valeu o Prêmio Jabuti. O trabalho mais recente do escritor é Sol Sangüíneo (Imago, 2002).









KUARUP


de seis milhões
em mil e quinhentos
restou apenas
uma legião
de vultos
soletrando
uma algazarra
zorra,
um kuarup de calça jeans.

os outros foram mortos
até os que estão vivos
até os que não nasceram.



                         ****



PÓ & CIA
 
de vez em quando
a poesia
         se insinua
para que eu a possua.

depois
     arredia
             desaparece
como se habitasse
a outra
           face
da lua.



                         ***



O VERBO


Passos da manhã
trazem-me o dia
a desovar enganos.

(O amor me busca
como um predador.)

No entanto
o verbo freme. Ateia
fogo aos abismos
reincide ao pó
e ao efêmero.

No entanto arrasto
o canto à borda
dos incêndios.

Ó caminhos que afundam
minhas rasuras!

O que é do tempo
é da terra
o que é da terra
é do ter.

Ó escudos de selva
e trilho!

Do que me atrevo
sobrevivo.



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