O poeta Lorival Pereira Piligra Júnior, nasceu em Itabuna. Possui mestrado em Filosofia
pela UFPB (Universidade Federal da Paraíba) e autor do livro Fractais (1996). Seus poemas também
podem ser encontrados em várias antologias, entre as quais: Diálogos (1ª e 2ª edições) – panorama da
nova poesia grapiúna (Via Litterarum, 2009/2010) e na revista literária Tocaia (Ano I, nº 1: mai-jul, 2012) e
sem seu próprio blog: http://kartei.blogspot.com.br
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CONCEPÇÃO*
eu já
concebo o verso assim metrificado
como
arquiteto que planeja um edifício
na
exatidão do prumo reto e equilibrado
sem
perguntar se isto é fácil ou é difícil…
-
eu já
concebo a rima assim – intercalada,
numa
urdidura trabalhosa e singular –
puxando o
fio de cada sílaba marcada
pelo
tecido de uma métrica sem “sem par”!
-
eu já
concebo o meu soneto alexandrino
(como a
matriz de uma equação vetorial)
fazendo
cálculo semântico e verbal
-
com
meu compasso atrapalhado de menino!
eu já
concebo o meu poema ornamental,
como
operário que dá forma ao que é divino!
***
UM BEIJA-FLOR
um beija-flor pousou na minha poesia
com sutileza como um anjo iluminado,
seu olhar divino me deixou impressionado
- doce metáfora de um verso à luz do dia...
o beija-flor ficou me olhando ali parado,
simples paisagem da mais pura fantasia,
seu olhar de flor brilhou com força e alegria
- jardim suspenso, no meu verso eternizado...
um beija-flor pousou seus pés de sutileza
na minha alma de poeta embrionário,
um filme lírico de amor e de beleza,
tela compondo, como um conto, o meu cenário...
- o beija-flor agora sonha que é um canário
e canta hinos pra alegrar minha tristeza!
com sutileza como um anjo iluminado,
seu olhar divino me deixou impressionado
- doce metáfora de um verso à luz do dia...
o beija-flor ficou me olhando ali parado,
simples paisagem da mais pura fantasia,
seu olhar de flor brilhou com força e alegria
- jardim suspenso, no meu verso eternizado...
um beija-flor pousou seus pés de sutileza
na minha alma de poeta embrionário,
um filme lírico de amor e de beleza,
tela compondo, como um conto, o meu cenário...
- o beija-flor agora sonha que é um canário
e canta hinos pra alegrar minha tristeza!
***
Velas
para a morte
Roubo da noite a negra face envenenada
e luto contra a dor terrível da distância,
deixo em silêncio o medo lírico da infância,
mato de fome a boca insana e renegada...
Mastigo os ossos da soberba e da ganância,
invisto contra a solidão de todo nada,
supero a fúria de uma mente atordoada,
venço o combate contra a trágica arrogância...
Enfrento a Gôrgona no vale dos tormentos,
frente ao destino, digo apenas: “outra vez”,
deito em meu colo a língua de um dragão chinês,
adestro Cérbero e supero os meus lamentos...
- Depois me curvo, simples servo em seu altar,
e “acendo velas para a morte vir rezar...”
Roubo da noite a negra face envenenada
e luto contra a dor terrível da distância,
deixo em silêncio o medo lírico da infância,
mato de fome a boca insana e renegada...
Mastigo os ossos da soberba e da ganância,
invisto contra a solidão de todo nada,
supero a fúria de uma mente atordoada,
venço o combate contra a trágica arrogância...
Enfrento a Gôrgona no vale dos tormentos,
frente ao destino, digo apenas: “outra vez”,
deito em meu colo a língua de um dragão chinês,
adestro Cérbero e supero os meus lamentos...
- Depois me curvo, simples servo em seu altar,
e “acendo velas para a morte vir rezar...”
*Seleção de poemas sugerida pelo poeta Gustavo Felicíssimo
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