sexta-feira, 10 de outubro de 2014

VALQUÍRIA LIMA (1980 - )

Graduada em Letras Vernáculas, é especialista em Estudos Literários e Mestre em Literatura e Diversidade Cultural, pela Universidade Estadual de Feira de Santana. Estudante de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura pela UFBA, onde desenvolve pesquisa sobre a cultura, a literatura e o cinema contemporâneos, com destaque para as narrativas das margens. É professora de Língua e Literatura Brasileiras. Compõe o quadro docente permanente do IFBA (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia). É autora do livro de poemas À Deriva (Via Litterarum, 2012).










Morada


Porque o poema é assim
como a rajada do vento
não se prende, acende.

Porque o verso está em mim
na minha cor, na minha história
passa por meu ori, não se rende.

A rima aparece faceira
resistente e morante
explode, nua, insistente.

A linguagem nos ensina
e refaz.
os nós da gente!

***




Desdobrável... indobrável!


Era uma menina
de olhos sempre acesos
e coração aos pulos!
A catar conchas nas estradas secas
e imaginar rios pelas ruas.

Era uma menina
de mãos questionadoras
e alma anelante!
Como os seus cabelos – resistentes – sempre ao vento,
inconformada!

E de não aceitar sins nem nãos
nem de tremer aos moldes
querer outros acordes.
Desafiou os tempos
pelo cheiro da liberdade!

Rebelou-se
revelou-se
redirecionou-se!

Tornou-se mulher
indecifrável
desdobrável.

Guarda as tempestades.
E costura caminhos!


***

A cama


Sob o seu corpo
Não me mostro
Me sirvo
Estremecida
Farta
Prato principal.





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