UM CORPO DE MULHER
Este
corpo de mulher
cálido
me
atrai com seu mistério
trágico
A
curva da costa
se
funde
na
curva da sombra
Este
corpo de mulher não aterrado
Infenso
ao trágico
As
longas coxas morenas
confundidas
com a sombra
descerram
a guarda mais negra que vela no fundo
que
vela um abismo
entredisfarçados
pelos sobre o abismo
atrás
do qual lateja o sangue estrelado
do
universo
único
verso
***
SONETO DA SAUDADE
***
SONETO DA SAUDADE
A
volta aos dias claros da viagem
quando
meu corpo esguio adolescia
e
o espetáculo do mundo transcorria
a
meus olhos leveza de miragem
Quando
o brilho do campo era a imagem
do
que dentro de mim acontecia
era
tudo manhã do mesmo dia
encontrada
nas cores da paisagem
Ainda
escuto vozes peregrinas
ensurdecidas
distanciadas sinais
que
se passaram céleres no vento
Ontem
tudo tão vivo, hoje desmaia
não
há asa de vôo que não caia
na
laje deste meu esquecimento.
***
***
HOJE MANHÃ
Todo
hoje tem amanhã, como o eu o objeto,
Tudo
o que é será o seu futuro
A
pedra o sangue o Iodo o lírio o afeto
flor
humana que nasce de monturo
As
estrelas brilhando em céu dileto
refervilhavam
em caos prematuro
o
irradiante clarão provém direto
da
dor da fricção do ventre escuro
Sendo
eu o que serei, serei já sendo
inelutavelmente
condenado
a
meu próprio amanhã e ao de tudo
então
se cumpra logo o ciclo horrendo
sendo
eu o meu porvir mas apagado
no
vivo mar desafogado... mudo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário