quarta-feira, 27 de março de 2013

SÔNIA RANGEL (1948 - )

Sonia Lúcia Rangel nasceu no Rio de Janeiro. De 1964 a 1968 estuda na Escola Nacional de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como aluna do extinto curso de Arte Decorativa, tendo como professores Fernando Pamplona, Mário Barata, Quirino Campofiorito e Onofre Penteado, entre outros. Em 1966 como estudante, visita pela primeira vez Salvador, na época da II Bienal da Bahia. Em 1970 passa a residir em Salvador e em 1971 transfere-se da UFRJ para a Universidade Federal da Bahia. A sua produção como artista profissional (em artes visuais e em artes cênicas) inicia-se no ano de 1973, com dois eventos: a primeira exposição individual, realizada no Instituto Cultural Brasil Alemanha, em Salvador, com desenhos e gravuras, onde transpõe imagens dos seus poemas para o claro-escuro do bico de pena e da água forte e explora a temática dos transportes urbanos; e, nas Artes Cênicas, como atriz, cenógrafa e figurinista do espetáculo Abraão e Isaque , direção de Carlos Petrovich, com temporada na Capela do Solar do Unhão, em Salvador. Gradua-se pela Escola de Belas Artes da UFBA em 1974 em Licenciatura em Desenho e Plástica. É professora da Escola de Belas Artes e da Escola de Teatro da UFBA desde 1980. Mestre em Artes Visuais em 1995, também pela UFBA. Interagindo com a poesia, as artes cênicas e as artes plásticas, a investigação atual se desdobra em projetos artísticos decorrentes da tese de doutoramento, concluída e aprovada com distinção em 2002, no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, Escola de Dança e Escola de Teatro da UFBA. A partir do estudo sobre Imagem, Imaginário e Processos de Criação a artista produz como resultado concepções para várias formas e formatos, que podem funcionar como obras independentes ou interagir num mesmo fluxo como Espetáculo-Exposição, trajeto entre poemas, visualidade e teatralidade. Além de vários artigos, publicou dois livros de poemas e imagens, sendo, o mais recente, CasaTempo, (Salvador: Solisluna, 2005), um dos produtos da sua pesquisa atual. É membro da ABRACE, Associação Brasileira de Pesquisadores em Artes Cênicas.






Textura da Morte


Não
A morte não é só
Esse morcego e esse rato
Que insistem dentro do quarto

Tão estranha a morte
                  
Ela é uma flor
E toda essa memória amarga
Que foi de uma criança
E ela é cada gole e cada passo e cada beijo


***




Corpus


Corpo
Jardim-aquário
Cela-cavalo
Cidade ausência
Peixe-balão

Corpo-tempo

Duplo-morto

Andarilho-corpo

Catedral-oração


***


A Igreja

Eu era criança
A igreja era pontuda
E penetrou em mim
Como uma faca penetra numa carne
E não sai

Algumas vezes dói
Algumas vezes sangra
Eu não consigo chorar
Mas a assombração de Deus
Sentada na porta

Chora

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