sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

PE. JOSÉ JOAQUIM CORREA DE ALMEIDA (1820-1905)


Nascido e falecido na então vila de Barbacena, Minas, ordenou-se presbítero na cidade do Rio de Janeiro. Ser um padre não o impediu de ser um dos maiores poetas satíricos de seu tempo. Entre suas obras mais conhecidas, encontra-se: Sátiras e epigramas (1875); Sonetos e sonetinhos (1884) e Decrepitudes metromaníacas (1902).






DEGENERAÇÃO


Dos homens de civismo a pura raça
No torrão brasileiro degenera ;
A uberdade tornou-se tão escassa,
Que o terreno parece que não gera.

Por mais irrigação que se lhe faça,
Os fructos já não há, como os houvera;
A lavoura de outr'ora hoje é fumaça,
Cultivada fazenda hoje é tapera.

A indústria nacional é quasi nulla,
E é só de cavalheiro a que regula,
Consistindo nas trocas e baldrocas.

A terra, enfim, não é como era d'antes :
Depois de produzir muitos gigantes,
Produz agora lesmas e minhocas.


***



JUSTO EPIGRAMA

Não tem nada de notável,
nada tem de cousa rara
trazer o juiz por símb'lo
uma retorcida vara.

Se esta bem merece o epilheto
de flexível, dobradiça,
pôde-se dizer o mesmo
a respeito da justiça.



***


EPIGRAMA

Aprenderão aritmética
o pródigo e o avarento;

Nas operações ou contas
era diverso o talento.

Em repartir o primeiro
muito habilitado fica;

Pelo contrario o segundo
habilmente multiplica.


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