SE É QUINZE DE
NOVEMBRO...
Se
troveja Deus está zangado
Se
cai um garfo é uma mulher chegando
Estou
cá no meu quarto escrevendo poemas
Que
são borboletas que rapto
Uma
amarela e preta aparece-me desde a infância
Uma
fada sorrateira que contemplo em paciência
Se
estou triste é porque sou Cristo
Se
penso muito e pouco faço, não existo
Sou
a metáfora alojada em mim
De
asas pretas e amarelas...
Revoando
enlouquecida
***
AI CAI
Troveja
sobre nós
O
céu se movimenta
Em
caravelas azuis
Um
instante de luz quebra o espaço
A
chuva a cair sobre nós
Cai,
cai, o tempo
Estamos
a sós
A
carruagem do destino que nos carrega
Está
sem cocheiro
***
A CHEIA
Posta
no olho do céu de prata
Lua
enche os olhos d'água
Fica
cheia a madrugada
Com
pingos de estrelas pelas portas
A
sete mil distâncias de mim
Mar
de prata estancado
A
grande chuva já se foi
Firmamento
do espelho invertido
Uma
estrela te segue
Ouço
a tua derrama por dentro
Posta
no centro do mar sedentário
Em
ti eu saio, e me encho
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