Nascida em São Paulo, a poeta Patrícia Claudine Hoffmann mora em Santa Catarina desde os seis anos de idade. Fez o
curso de letras em Joinville e trabalha como professora de língua portuguesa. Sua
estreia em livro deu-se com a coletânea Água Confessa, publicada em 2001. Veio em seguida o título Sete Silêncios (2004),
um trabalho focado no silêncio e no número sete. São sete capítulos
(silêncios), cada qual contendo sete poemas. Esse último livro também foi
publicado em formato digital e está disponível desde 2010 no site Bookess.
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VIOLINO-MARINHO
A infância coleciona
coisas pequenas.
Ele guardava em segredo
uma miniatura do mar.
Dentro dela morava um
violino-marinho
com quem ele costumava
chorar
durante toda a chuva.
Chorar de brinquedo.
A infância coleciona
coisas pequenas.
Ele guardava em segredo
uma miniatura do mar.
Dentro dela morava um
violino-marinho
com quem ele costumava
chorar
durante toda a chuva.
Chorar de brinquedo.
***
REFÚGIOS PARA GUARDAR MEU PAI
in memoriam
A saudade desenha seus estiletes, pai.
De dentro para fora.
Teus molinetes, agora
ornamentam a casa
com inconformável beleza:
procuram tua pesca.
Nenhuma fresta entre nós.
Nenhuma isca.
Na antifesta de estar,
o mar desfeito
não comemora comigo:
estamos sós.
E não há pacto
de anzóis que capture
a precocidade de tua ausência
ou te devolva
como devolvíamos os peixes para a água.
— Lembras?
Apareceram uns cansaços nas paredes.
Onde antes teu descanso
sobre o dorso das redes,
agora memórias rendadas
avarandam a chuva
em chamamento.
Enquanto o vento motiva algum sol,
embala-me ainda teu riso
nos braços já fracos
da infância.
— As tarrafas cresceram, pai.
Ainda não aprendi a dobrá-las.
REFÚGIOS PARA GUARDAR MEU PAI
in memoriam
A saudade desenha seus estiletes, pai.
De dentro para fora.
Teus molinetes, agora
ornamentam a casa
com inconformável beleza:
procuram tua pesca.
Nenhuma fresta entre nós.
Nenhuma isca.
Na antifesta de estar,
o mar desfeito
não comemora comigo:
estamos sós.
E não há pacto
de anzóis que capture
a precocidade de tua ausência
ou te devolva
como devolvíamos os peixes para a água.
— Lembras?
Apareceram uns cansaços nas paredes.
Onde antes teu descanso
sobre o dorso das redes,
agora memórias rendadas
avarandam a chuva
em chamamento.
Enquanto o vento motiva algum sol,
embala-me ainda teu riso
nos braços já fracos
da infância.
— As tarrafas cresceram, pai.
Ainda não aprendi a dobrá-las.
***
[NÃO PROCURES O AMOR]
Não procures o amor
na solidez de teu vazio.
O tal de Amor quando se perde
deixa rastros de navio.
Por isso às vezes choro,
às vezes.
[NÃO PROCURES O AMOR]
Não procures o amor
na solidez de teu vazio.
O tal de Amor quando se perde
deixa rastros de navio.
Por isso às vezes choro,
às vezes.
Obrigada por mencionar-me em seu blog. Um abraço imenso! Patrícia.
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