Travessia
Pasmo de beira de rio
sofrendo
vagar,
pelo
que está no meio,
o
impossível.
Na
terceira margem do adeus
vasto
céu, a suprema intriga,
onde
sabemos que achar
é
não ocultar o homem,
mas
expô-lo por inteiro e perdido,
paralisado
na travessia.
***
Bucolismo
Tens
o perfume encantado.
Adoro
o que ornas,
e
ora renegas, amor,
louco
amor,
que,
de fato, renegar
é
um exercício
de
glórias.
Por
trás do monte de feno,
ao
relento, nos engalfinhamos
e
o que mordes, não dói.
Afinal,
não
temos como fugir
à
vida
pequenas
canções,
respingos
de chuva.
***
Rito
de passagem
Não
esperem por mim.
Ante
o sol que me desperta,
não
desespero, ou antes
folgo
em saber-me que, embora triste,
insista
nas coisas que falam ao coração.
Pela
manhã
o
vento quente vem trazer-me alento,
eu
dentro e fora do mundo,
acalento
ilusões.
Visitei
a cidade
nunca
dantes conhecida,
a
não ser de passagem,
mirada
pela distância
entre
eu e a estrela
longínqua
da
minha infância.
A
cidade esquecida
é
a parábola da muralha,
espaços
contidos, envelhecidos,
eu
diminuto à sombra
fazendo
tranças,
povoando
traças,
sem
abas ou asas, perambulando.
Mas
o tempo
vira
enfim abril,
ressurge
a vida.
Nas
primeiras chuvas,
idade
da fuga,
e
cumpra-se a audácia,
vale
mais o que vai além da inércia,
deixa
tardar a víbora sonolenta,
silenciosamente
entrave.
Pessoas
assim não contam
a
não ser para nos empurrar
para
além de nós,
e
aí, já se vai por maio
surfar
em águas claras, além,
do
pequeno eu, arre injúria.
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