quarta-feira, 15 de agosto de 2012

ANTONIO CARLOS SECCHIN (1952 - )

Antonio Carlos Secchin nasceu no Rio de Janeiro em 10 de junho de 1952. Filho de Sives Secchin e de Victoria Regia Fuzeira Secchin. Até os 6 anos morou em Cachoeiro de Itapemirim. Desde 1959 reside no Rio de Janeiro. É Doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1982). Professor de Literatura Brasileira das Universidades de Bordeaux, (1975-1979), Roma (1985), Rennes (1991), Mérida (1999),Nápoles (2007), Paris Sorbonne (2009) e da Faculdade de Letras da UFRJ, onde foi aprovado (1993), por unanimidade, com nota máxima, em concurso público para professor titular. Total de 15 prêmios nacionais, destacando-se: 1.o lugar, categoria “ensaio”, do Instituto Nacional do Livro (1983); Prêmio Sílvio Romero, da Academia Brasileira de Letras, 1985, ambos para João Cabral: a Poesia do Menos; Prêmio Alphonsus de Guimaraens, da Fundação Biblioteca Nacional (2002); Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras (2003); Prêmio Nacional do PEN Clube do Brasil (2003), atribuídos a Todos os Ventos como melhor livro de poesia.  A Ilha. Rio de Janeiro: edição do autor, 1971 (plaquete fora do comércio). Ária de Estação. Rio de Janeiro: São José, 1973. Elementos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983. Diga-se de Passagem. Rio de Janeiro: Ladrões do Fogo, 1988. Poema para 2002. Rio de Janeiro: Cacto Arte e Ciência, 2002 (livro-objeto fora do comércio, tiragem de 50 exemplares). Todos os Ventos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. 50 Poemas Escolhidos pelo Autor. Rio de Janeiro: Galo Branco, 2006.





CONFESSIONÁRIO


Não posso dar-me em espetáculo.
A platéia toda fugiria
antes mesmo do segundo ato.
Um ator perplexo misturaria
versos, versões e fatos.
E um crítico, maldizendo a sua sina,
rosnaria feroz
contra minha verve
sibilina.


***



SETE ANOS DE PASTOR


Penetro Lia, mas Raquel é quem me move,
e faz meu corpo desatar toda alegria.
Se tenho Lia, minha pele não navega
nada além de nada em névoa fria.

Sete anos galopando em Lia e tédio,
sete anos condenado ao gozo escuro.
Raquel me tenta, e se me beija Lia
minha boca é não, e minha mão é muro.

Labão, o puto, perdoai-me nesse instante,
adoro a dor que doer em minha amante.
Vou cravar-lhe um punhal exausto e certo,

doar seu sangue ao livro e à ventania.
Quieta Lia será terra em que os cavalos
vão pastar, sob a serra e o deus do dia. 


***



VER 


O dia. Arcos da manhã
em nuvem. Riscos de luz
como vidros arriados.

O claro. A praia armada
entre a sintaxe do verde.

Áreas do ar. Aves
navegando as lajes
do azul. 

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