Poeta e professor da Universidade
do Estado da Bahia (UNEB), no campus XX, em Brumado, publicou dois livros de
poemas: O Desossar das Horas, 2004, e
o A outra margem, 2008) e um ensaio
acerca da poesia do baiano Roberval Pereyr: Dissonâncias
diante do Espelho..., em 2011). Tenta, aos trancos e barrancos, alimentar
um blog: http://idmarboaventura.blogspot.com.br
e, segundo ele, esmera-se, quando não está se
divertindo no trabalho, em fazer nada com coisa alguma que se aproveite...
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LEVITAÇÃO
Vou
me despir de todo o peso.
Serei
leve.
Não
quero o sangue espesso dos dias
nem
o vento das inglórias semeaduras.
Quero
antes
o
tom suave das auroras
e
a breve brisa da tarde.
Ah,
quero ser leve
como
o verde da menina dos teus olhos,
leve
como uma manhã de sol
que
se esquece de passar.
Quero
amanhecer
cercado
de céu e nuvens.
II
Bebi das águas do Lethes,
e enfim adormeci.
Para acordar sem angústias,
liberto de todo o peso.
Para, enfim, poder ser leve.
Acordar com o chilreio dos pardais,
adormecer com as cigarras
e, no entremeio, levitar
como quem alcançou a graça do nada:
leve como a sombra de uma pluma,
como a brisa
que se esquece de passar.
Bebi das águas do Lethes,
e enfim adormeci.
Para acordar sem angústias,
liberto de todo o peso.
Para, enfim, poder ser leve.
Acordar com o chilreio dos pardais,
adormecer com as cigarras
e, no entremeio, levitar
como quem alcançou a graça do nada:
leve como a sombra de uma pluma,
como a brisa
que se esquece de passar.
***
LÍQUIDO
Talvez teu encanto provenha
desse teu jeito de água:
da fluidez de teu corpo
que lembra a leveza das vagas,
de teu escapar-me tão líquido,
que em um segundo se detém,
e logo depois se espalha,
desse teu jeito de nuvem
fugindo de meu abraço.
Mas talvez nem seja isso:
diante de tua dureza,
eu é que me liquefaço.
***
SONETO DO AMOR VACILANTE
Perdoa
o meu amor tão vacilante
que
é sempre um esperar, uma agonia,
infinda
madrugada, nunca dia,
que
faz de eternidade um breve instante.
Perdoa,
pelo menos, meu silêncio,
pois
que ele é todo feito de esperas:
desejo
que aguarda o banimento,
inverno
se fazendo primavera.
E
nesse perdoar tão sem limites,
na
espera de um amor tão inconstante,
enxerga,
ainda mais, minha vontade
de
que esse meu amar tão sem juízo
esconda,
no seu gesto ruminante,
a
espera mais fiel de uma saudade.
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