Tufic
iniciou sua educação em sua cidade de origem, transferindo-se posteriormente
para Manaus,
onde concluiu os estudos. Em1976, foi agraciado com o diploma "O poeta do ano",
prêmio concedido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas, em reconhecimento à sua vasta
e intensa atividade literária. Tem seu nome inserido em várias antologias,
entre as quais destacam-se A Nova Poesia
Brasileira, organizada em Portugal por Alberto da Costa e Silva, e A novíssima Poesia Brasileira, que Walmir Ayalalançou
na Livraria São José, no Rios de Janeiro, em 1965. É sócio-fundador da Academia Internacional Pré-Andina de Letras, com sede em Tabatinga, no estado do Amazonas.
Fez várias conferências literárias e é membro efetivo de algumas entidades
culturais, tais como: Clube da Madrugada, Academia Amazonense de Letras, União Brasileira de Escritores (Seção
do Amazonas) e Conselho Estadual de Cultura. Pertenceu à equipe da página artística do Clube da Madrugada, O Jornal e do Jornal da
Cultura, da Fundação Cultural do Amazonas. Colabora em vários órgãos de imprensa, com
especialidade no Suplemento Literário de Minas Gerais. Jorge Tufic é o autor da letra do Hino do Amazonas, contemplado que foi com o primeiro lugar em concurso
nacional promovido pelo governador José Lindoso em 1980. Agendário de sombras é sua obra mais conhecida...
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SONETO INGLÊS PARA
ANIBAL BEÇA
Hoje
sei que o meu tempo foi de algemas.
Atado
ao mundo, pássaros de areia
se
largaram de mim: lestos fonemas
trazem
de volta o néctar que incendeia.
Habitante
da noite, volta e meia
danço
e cavalgo estranhas partituras.
Onde
a poesia? Látego e correia
a
suíte é rosa, música e nervuras.
A
lua imensa bebe, nas alturas
todo
o clarão que sobe dos teus dedos.
0
mar se expande em conchas e loucuras
solos
e flautas contam seus segredos.
Tenda
de Omar Khayyam, quem não te habita,
salsa-songo
na pauta transfinita?
***
MAKUNAÍMA RECRIA O MUNDO
Depois
das águas grandes,
o
mundo ficou seco e oco.
Pedaços
de carvão ficaram rolando no solo,
como
ecos de pedras,
vozes
de rio, gemidos de fogo.
Então,
Makunaíma acordou.
E
do barro de sua vigília
retirou
aquele homem, sua forma de barco,
seu
peito cavado.
No
outro lado de Roraima
seus
feitos continuaram.
Homens
e mulheres foram sendo mudados
em
rochas, antas e javalis.
Perto
de Koimelemong, um cervo
mergulha
na terra a cabeça-de-pedra.
Sobre
uma grande onda na Serra de Aruaiang,
pousa
uma cesta de luar.
A
Serra do Mel parece conduzir
um
silêncio de aragem
e
vai sem ter vindo.
Muitas
dessas pedras se elevam
No
país dos ingleses, assim como peixes
E
uma cesta que imita, por baixo,
Um
perfil de mulher.
A
savana da Serra de Mairani
são
braços, pernas e cabeça
de
um ladrão de urucu.
Aí
também se entreabrem umas nádegas de pedra.
Cachoeiras
acima,
o
movimento dos peixes adentra na rocha.
Uma
pedra chamada Mutum
canta
como este
quando
alguém vai morrer.
vespas
gigantes construíram suas casas
e
zumbem na base mais profunda da serra.
Aqui
fora, Makunaíma dá os últimos retoques
Nos
bichos domésticos.
Depois
disso ele deita na terra molhada
e
se deixa esvair em milhares de seres
que
nadam para o rio.
***
PROSPECÇÃO
Ninguém
te vê.
Só
os ventos te penetram.
Ninguém
que esteja saciado
ou
faminto
necessita
de ti.
Neste
exato sem nome
reintegra-te
à nuvem que passa
e
ao canto das aves.
o
poeta, já o disse,
é
um ser transparente.
Invicto.
Desnecessário
entre
porcos, hienas
e
outros viventes
solidariamente
incompletos.
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