sábado, 5 de setembro de 2015

NESTOR DA COSTA OLIVEIRA (1913-1977)*

Nestor da Costa Oliveira, filho do casal Manoel Gonçalves de Oliveira, apelidado de “Seu Né”, e Dona Maria José da Costa Oliveira. Nasceu no Município de Santo Amaro, no dia 10 de junho de 1913, no povoado de São Bento de Inhatá, distrito da Lapa. Formou-se em contador pela Escola de Ciências Contábeis, localizada no Largo da Piedade, em Salvador. Iniciou sua vida profissional como escriturário, na firma Magalhães S/A, Lavoura e Industria Reunidas, empresa à qual pertencia a Usina São Bento. Nas cidades de Nilo Peçanha, Cairu e Camamu, exerceu as funções, ora de secretário, ora de tesoureiro, nas prefeituras. Entre 1942 e 1945, exerceu as funções de prefeito de Nilo Peçanha. Período da interventria de Pinto Aleixo. Ainda em Nilo Peçanha, no dia 30 de janeiro de 1941, casou-se com Dona Glória Hora Rocha, tendo com ela os seguintes filhos: Isis da Costa Oliveira, Dólia da Costa Oliveira, Antônio José da Costa Oliveira e Grácia da Costa Oliveira. Em 1948, chega ao nosso município, o de Santo Amaro, Nestor da Costa Oliveira a convite do Prefeito Osvaldo Dias Pereira que iniciava a sua administração. Em 01 de abril de 1949, afastou-se das atividades de caráter administrativo assumindo as funções de educador, nomeado que foi para a regência da disciplina de Português do Gynásio Santamarense. Foi fundador do Jornal O Archote, exercendo o jornalismo. Foi vereador da Câmera Municipal de Santo Amaro, mandato exercido de 07 de abril, de 1963, a de dezembro do mesmo ano decorrente das divergências com o Prefeito em exercício. Em 26 de abril de 1977, no Salão Nobre da Prefeitura Municipal de Santo Amaro, lançou, a sua única obra editada, cujo título é Espelho de Três Faces. Por concluir ficou, um romance, titulado de Os Descedores do Jequié. Nestor da Costa Oliveira morreu no amanhecer do dia 23 de junho de 1979, no Arraial da Pedra, no município de Santo Amaro.






OBSTINAÇÃO


Pelo prazer de voar tal qual uma asa,
Ou folha solta sobre errante veio,
Indiferente à dor, à mágoa alheio,
Feliz na bruma ou renteando a vasa...

Fiel ao sonho eterno que te abrasa,
Dentro da cerração, da noite em meio,
Voar sem rumo seja o teu anseio
Que tu, meu coração, és também, asa!

Asa solta de um pássaro sem ninho,
Desamando os limites, sem caminho,
Com a flama do ideal que agito em mim,

Na vertigem da glória desmedida
De voar, de voar, que é um voo a vida,
De morrer voando sem chegar ao fim!


***


DESTINO


Dorme a cigarra o derradeiro sono
A tarde, à fulva luz no chão molhado,
Como a corola que do galho eivado
Fosse rolando ao vai e vem do outono...

Quem viu no espaço um luminoso trono
Abrindo ao sonho o pensamento alado,
Fez jus demais para ser muito amado,
Não devera morrer nessa abandono...

Ela-corpo sutil do vidro e laca
Que os restos do verão -pequena e fraca
Num milagre o largo som recorta,

Findo o tormento da jornada encalma,
Vai derramar o som que lhe vai n'alma
Dentro da concha de uma folha morta...


***





CONTRASTE


Por mais que eu faça nesta vida para
Imitar a formiga, à faina presa,
Sinto frustrado o esforço – e é vício e tara
No lábio alheio, o meu culto à beleza...

Por mais que eu saiba que é virtude rara
O trabalho, me entrego à natureza
Que, nenhuma alegria se compara
A de enflorir as leivas da tristeza.

Não penso em mim; todo me esqueço e, enquanto
Cuida a irmã da colheita, do consumo,
Do fermento, do pão de cada dia.

Cismo e bendigo o par de asas sem rumo
Para quem basta o sol que acende o canto,
Que a treva de outras almas alumia.








*
Este post foi sugerido e elaborado por meu amigo e poeta Dado Ribeiro Pedreira, que reuniu o material raríssimo  deste ilustre santamarense como ele... Muito obrigado, poeta!

2 comentários:

  1. Não há do que agradecer, meu caro. Eu é que preciso fazê-lo, já que tanto me alimento desse espaço! Forte abraço!!!

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  2. Muito obrigado pelas informações. Reproduzi em meu blog, fazendo a devida referência.
    https://adrianoportela.wordpress.com/2016/05/01/poeta-santamarense-nestor-o-da-costa/

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