Lição
de Amor
Não
te direi de amor
assim
como tu queres
pois
não se faz o amor, amor existe
e
permeia e transcende coração e mente
e
dá se dando e dando inteiramente
que
despojado é o amor, sem adereços
e
a pele é a melhor das vestimentas.
Não
te direi
assim
como o entendes
mas
se eu disser de mim, direi do amor
que
há quem não se dando já deu tudo
e
visitou a face do teu ser impuro
e
adormeceu à sombra dos teus sonhos.
Não
assim
como desejas
só
que me entrego à noite e ao desespero
e
ferida de amor digo teu nome
e
ele me cobre como uma vestidura.
***
OS TRANSEUNTES
OS TRANSEUNTES
Os
homens olham a cidade
com
olhos de posse.
Os
homens
acrescentam
modificam
a cidade
concluem
como
se fora coisa sua.
Os
rios (sábios) passeiam
suas
águas e tentam reter
a
face que passa e
(só por algum tempo)
povoará
a paisagem.
Os
transeuntes
não
sentem sua própria transitoriedade,
A
carne perecível e frágil passeia
entre os edifícios tranquilos
entre os edifícios tranquilos
e
sólidos que se erguem e bebem o azul
no
alto.
A
terra guarda os passos deléveis
dos
caminhantes
incônscios
de sua brevidade
ante a permanência do chão
ante a permanência do chão
que
pisam.
***
OS CONVIDADOS
Quem
faz a festa são os Convidados.
A
mesa posta as frutas as flores que
acorreram
dos jardins não compõem o essencial
de
que se tece a trama invisível do
Encontro.
Os
Convidados é que fazem a festa.
Nas
garrafas de cristal, o vinho à espera.
Até
a música
—
que ao teu gesto irromperia —
despedaçando
o silêncio
apenas
povoausenciaria
a anti-sala
que
o amor não compôs.
Inúltimente
acenderás as luzes:
—
Quem faz a festa
são os Convidados.
Só
o teu olhar ansioso que
aguarda
a chegada
dos
Amigos
é
o pré/a/núncio da
Festa
que virá
dentro de cada Convidado.
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