VILA
Seu
Pedro morreu roncando.
Dona
Hilda, de derrame.
Juquinha,
daqui uns anos.
Eunápio
foi miocárdio.
Hélio
e Mário, um mesmo câncer
metódico,
magnânimo.
Seu
Paulo reforma o muro
que
não verá reformado.
Num
prédio, noutro subúrbio,
Judite
abrirá o gás,
tomará
dez comprimidos.
Ao
ocaso, Dona Lourdes,
de
ignorado destino,
fecha
a janela como se fechasse um livro
***
INTRODUÇÃO À SOMBRA
INTRODUÇÃO À SOMBRA
4. A MORTE
A morte ensina à sombra
como habitar as coisas,
seduzi-las,
e a sombra, à morte
como, tocando-as,
consumi-las.
Que a morte, como sangue,
na sombra circula,
e a sombra
braça a morte,
e a anula.
***
Entreato
Entreato
...
é que amiúde um objeto me constrange
com sua mera e casual presença,
sem que me doa, fira ou que me lembre,
sem que mais seja que ser ele mesmo.
com sua mera e casual presença,
sem que me doa, fira ou que me lembre,
sem que mais seja que ser ele mesmo.
E
o vigio em alheado assombro
daquele tudo que nele universo,
ambos fincados no mesmo mistério
de sermos seixos nesse leito espaço-tempo.
daquele tudo que nele universo,
ambos fincados no mesmo mistério
de sermos seixos nesse leito espaço-tempo.
Uma
falsa maçã sobre uma mesa,
um espelho e a sala em seu fundo ou pele,
um cão, um morto, uma cadeira velha...
um espelho e a sala em seu fundo ou pele,
um cão, um morto, uma cadeira velha...
E
às vezes penso se essas horas sem essência,
que nada valem, nada são, nada libertam,
me salvam do naufrágio da existência.
que nada valem, nada são, nada libertam,
me salvam do naufrágio da existência.
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