PÚRPURAS
Na
púrpura do Verso o ouro do Sonho ardente,
Fio
a fio, teci. Era manhã! Radiava
Em
pleno azulo meu belo sol adolescente.
E
o meu Sonho, a essa luz, resplendia e cantava.
Como
a enrediça, a vida, indomada e ascendente,
Por
minha mocidade em mil voltas serpeava.
E
tudo, no esplendor de um mundo renascente,
Sonoro,
multicor, multímodo, vibrava.
Musa,
que não gemeu flébil, magoada e langue:
Vivaz,
tonto de luz, salta o primeiro verso,
Ao
primeiro rebate estuoso do meu sangue.
Ó
selvas tropicais! Ó sonoras luxúrias!
Mundo
excelso do Sonho, esvoaçando, disperso,
No
incontentado ardor dessas rimas purpúreas!
***
MORS AMOR
MORS AMOR
Nesses
tremendos círculos da vida
Erras,
clamando, aflita e delirante.
Ao
céu levantas a alma soluçante,
De
preces e de súplicas ungida.
Dentro
do teu clamor exulcerante,
Sem
rumo e só, de dores combalida,
Vagas
por esses círculos, perdida,
E
giras nesse sorvedouro estuante.
Buscaste
o amor; e o mundo era um deserto!
Teu
coração, de lágrimas coberto,
Em
vão gritou por quem o acalentasse.
O
amor nos ermos corações morrera
—
Árvores augusta, em plena primavera,
Que
um sol maldito e bárbaro queimasse!
***
Grega
Recordo
as glórias imortais e as lendas
Da tua Pátria, ó bela peregrina...
Recordo Queronéia e Salamina,
Lanças, escudos e as guerreiras tendas.
Lembro Cassandra e as predições tremendas.
Passam, num sonho fúlgido, à retina,
Homero e as Musas, a legião divina,
Do Tempo, eternos, palmilhando as sendas.
Mas o sonho maior e mais radiante,
É essa visão remota e perturbante,
Esse plaino da Argólida deserta
De onde penso que vens, de mirto e louro
Coroado a fronte, e toda, toda do ouro
Do sepulcro dos Átridas coberta.
Da tua Pátria, ó bela peregrina...
Recordo Queronéia e Salamina,
Lanças, escudos e as guerreiras tendas.
Lembro Cassandra e as predições tremendas.
Passam, num sonho fúlgido, à retina,
Homero e as Musas, a legião divina,
Do Tempo, eternos, palmilhando as sendas.
Mas o sonho maior e mais radiante,
É essa visão remota e perturbante,
Esse plaino da Argólida deserta
De onde penso que vens, de mirto e louro
Coroado a fronte, e toda, toda do ouro
Do sepulcro dos Átridas coberta.
PÚRPURAS
Na
púrpura do Verso o ouro do Sonho ardente,
Fio
a fio, teci. Era manhã! Radiava
Em
pleno azulo meu belo sol adolescente.
E
o meu Sonho, a essa luz, resplendia e cantava.
Como
a enrediça, a vida, indomada e ascendente,
Por
minha mocidade em mil voltas serpeava.
E
tudo, no esplendor de um mundo renascente,
Sonoro,
multicor, multímodo, vibrava.
Musa,
que não gemeu flébil, magoada e langue:
Vivaz,
tonto de luz, salta o primeiro verso,
Ao
primeiro rebate estuoso do meu sangue.
Ó
selvas tropicais! Ó sonoras luxúrias!
Mundo
excelso do Sonho, esvoaçando, disperso,
No
incontentado ardor dessas rimas purpúreas!
***
MORS AMOR
MORS AMOR
Nesses
tremendos círculos da vida
Erras,
clamando, aflita e delirante.
Ao
céu levantas a alma soluçante,
De
preces e de súplicas ungida.
Dentro
do teu clamor exulcerante,
Sem
rumo e só, de dores combalida,
Vagas
por esses círculos, perdida,
E
giras nesse sorvedouro estuante.
Buscaste
o amor; e o mundo era um deserto!
Teu
coração, de lágrimas coberto,
Em
vão gritou por quem o acalentasse.
O
amor nos ermos corações morrera
—
Árvores augusta, em plena primavera,
Que
um sol maldito e bárbaro queimasse!
***
Grega
Recordo
as glórias imortais e as lendas
Da tua Pátria, ó bela peregrina...
Recordo Queronéia e Salamina,
Lanças, escudos e as guerreiras tendas.
Lembro Cassandra e as predições tremendas.
Passam, num sonho fúlgido, à retina,
Homero e as Musas, a legião divina,
Do Tempo, eternos, palmilhando as sendas.
Mas o sonho maior e mais radiante,
É essa visão remota e perturbante,
Esse plaino da Argólida deserta
De onde penso que vens, de mirto e louro
Coroado a fronte, e toda, toda do ouro
Do sepulcro dos Átridas coberta.
Da tua Pátria, ó bela peregrina...
Recordo Queronéia e Salamina,
Lanças, escudos e as guerreiras tendas.
Lembro Cassandra e as predições tremendas.
Passam, num sonho fúlgido, à retina,
Homero e as Musas, a legião divina,
Do Tempo, eternos, palmilhando as sendas.
Mas o sonho maior e mais radiante,
É essa visão remota e perturbante,
Esse plaino da Argólida deserta
De onde penso que vens, de mirto e louro
Coroado a fronte, e toda, toda do ouro
Do sepulcro dos Átridas coberta.
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