JACARTA
A mim restam essas coisas,
poucas,
larvas de um não-sei-quê que passa,
nós a serem desatados,
livros por ler,
roupas por arrumar,
e a vastidão das idéias novas,
célebre futuro que inventamos.
A mim restam essas coisas,
poucas,
larvas de um não-sei-quê que passa,
nós a serem desatados,
livros por ler,
roupas por arrumar,
e a vastidão das idéias novas,
célebre futuro que inventamos.
***
ÉDIPO MENINO
Sem o colo de tua mãe,
vives a apascentar ovelhas,
refúgio de tua alma.
Sem oráculos que te amedrontem,
vês teu rosto no lago,
flutuando na superfície do sonho.
Sem estradas que te levem,
ficas à espera do reino,
tua casa, côncavo desespero,
vigília de tua sombra, esteio.
Antes não se cumprisse o destino.
Sem o colo de tua mãe,
vives a apascentar ovelhas,
refúgio de tua alma.
Sem oráculos que te amedrontem,
vês teu rosto no lago,
flutuando na superfície do sonho.
Sem estradas que te levem,
ficas à espera do reino,
tua casa, côncavo desespero,
vigília de tua sombra, esteio.
Antes não se cumprisse o destino.
***
REVERSO
Terei teu corpo
– a fina casca de teu tormento –
e terás me consumido até o último frêmito.
Te sorvo as têmporas úmidas
e estreito teus pulsos entre meus dedos
– faço-te sangrar teu desejo escarpado e íngreme.
Impregna-me com tua voz.
Deita-me em teus vazios estreitos,
tua fome cercada de segredos.
Sou tua vida.
Tua fala.
És, ao reverso,
a alma que procuro.
Tenha-me, porque sou breve.
Terei teu corpo
– a fina casca de teu tormento –
e terás me consumido até o último frêmito.
Te sorvo as têmporas úmidas
e estreito teus pulsos entre meus dedos
– faço-te sangrar teu desejo escarpado e íngreme.
Impregna-me com tua voz.
Deita-me em teus vazios estreitos,
tua fome cercada de segredos.
Sou tua vida.
Tua fala.
És, ao reverso,
a alma que procuro.
Tenha-me, porque sou breve.
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