terça-feira, 6 de dezembro de 2011

THEREZA CHRISTINA ROCQUE DA MOTTA (1957)....

Thereza Christina Rocque da Motta é poetisa, advogada, editora e tradutora. Publicou Relógio de Sol (1980), Papel Arroz (1981), Joio & trigo (1982, 1983, 2004), Areal (1995), Sabbath (1998), Alba (2001), Chiaroscuro Poems in the dark (2002), Lilacs/Lilases (edição bilíngüe, 2003), Rios (2003), Marco Polo e a Princesa Azul (edição bilíngüe, 2008) e o pôster-poema “Décima lua” (1983). Traduziu romances de Thomas H. Cook (O Caso da Escolha Chatham, Lacerda, 2000) e Sue Monk Kidd (A Sereia e o Monge, Prestígio, 2005), e poemas de Anne Morrow Lindbergh (O Unicórnio e outros poemas, Ibis Libris, a sair), Sylvia Plath, Byron, Shelley, Keats, Yeats e Shakespeare (44 Sonetos escolhidos, Ibis Libris, 2006), livros de não-ficção de John Grogan (Marley & Eu, Ediouro, 2006), de Greg Mortenson e David O. Relin (A terceira xícara de chá, Ediouro, 2007), um romance juvenil de Nina Bernstein (Um livro mágico, Moderna, 2005) e Por que amamos ler? (Novo Conceito, 2008), de Brian Bristol, entre outros. Organiza a Ponte de Versos desde setembro de 2000. Fundou a Ibis Libris em agosto de 2000.





JACARTA

A mim restam essas coisas,
poucas,
larvas de um não-sei-quê que passa,
nós a serem desatados,
livros por ler,
roupas por arrumar,
e a vastidão das idéias novas,
célebre futuro que inventamos.


***

ÉDIPO MENINO

Sem o colo de tua mãe,
vives a apascentar ovelhas,
refúgio de tua alma.

Sem oráculos que te amedrontem,
vês teu rosto no lago,
flutuando na superfície do sonho.

Sem estradas que te levem,
ficas à espera do reino,
tua casa, côncavo desespero,
vigília de tua sombra, esteio.

Antes não se cumprisse o destino.


***


REVERSO

Terei teu corpo
– a fina casca de teu tormento –
e terás me consumido até o último frêmito.

Te sorvo as têmporas úmidas
e estreito teus pulsos entre meus dedos
– faço-te sangrar teu desejo escarpado e íngreme.

Impregna-me com tua voz.
Deita-me em teus vazios estreitos,
tua fome cercada de segredos.

Sou tua vida.
Tua fala.
És, ao reverso,
a alma que procuro.

Tenha-me, porque sou breve.

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